A Microsoft introduz hoje um novo programa de licenciamento denominado Communications Protocol Licensing Program que visa disponibilizar parte do código-fonte do sistema operativo Windows a outras produtoras de software, incluindo as suas principais concorrentes.



Em conformidade com o acordo alcançado em Novembro com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a empresa irá disponibilizar 113 protocolos utilizados na comunicação entre computadores Windows clientes e servidores aplicacionais. Os protocolos estão disponíveis em pacotes especializados em determinadas funções por um preço mínimo de cinco dólares (5,07 euros) por servidor.



De seguida, no dia 28 de Agosto, a Microsoft irá revelar 272 Application Program Interfaces (APIs) utilizados por cinco aplicações de middleware da companhia de forma a assegurar que o software produzido por outras empresas funcione sem problemas com o Windows.



As APIs são utilizadas pelo Internet Explorer, MSN Instant Messenger, Windows Media Player, Outlook Express e a versão do Java Virtual Machine da empresa para entrar em contacto com o Windows e serão colocados nos site Microsoft Developer Network.



Segundo Brad Smith, vice-presidente sénior e conselheiro geral da Microsoft, só não foram divulgados um protocolo e um API. Este último consiste no API de protecção de ficheiros do Windows, utilizado para substituir componentes essenciais do sistema operativo e sobre o qual a companhia disse que, caso fosse divulgado, poderia expor potencialmente os utilizadores a formas mais virulentas de vírus.



Outro componente que também não foi revelado foi o protocolo Remote Procedure Call (RPC), cuja actual versão contém um buraco de segurança. Smith afirmou que em vez dessa, seria publicada uma versão corrigida. Até agora, os protocolos e APIs estavam apenas disponíveis para os engenheiros da Microsoft.



A sua publicação, anunciada ontem, consiste no mais recente passo dado pela companhia para cumprir o acordo de resolução do processo anti-trust estabelecido há nove meses com o Departamento de Justiça e nove estados norte-americanos.



Outro passo nessa direcção consiste na disponibilização, esperada para Setembro, do Service Pack 1 (SP1) do Windows XP. Este consiste numa actualização da plataforma que deverá permitir aos utilizadores e aos fabricantes de computadores esconderem o Internet Explorer, o MSN Instant Messenger, o Windows Media Player, o Outlook Express e o Java Virtual Machine da Microsoft, bem como criar instalações personalizadas do Windows. O SP3 do Windows 2000, lançado na semana passada, também inclui funcionalidades semelhantes.



O programa de licenciamento Communications Protocol Licensing está disponível a produtoras e programadores independentes de software em pacotes baseados em áreas específicas de funcionalidades, como servidor de ficheiros, servidor de impressoras e streaming media. Foi identificado um conjunto de 50 protocolos de base como sendo necessários para todas as tarefas, sendo oferecidos num pacote.



Comparado com o número total de APIs no Windows, aqueles que vão ser publicados no dia 28 de Agosto constituem uma pequena percentagem. Por outro lado, a sua divulgação irá permitir que oferecer potencialmente aos concorrentes da gigante de software a oportunidade de melhorar a compatibilidade dos seus programas com o computador cliente. Ao contrário dos protocolos, as APIs estarão disponíveis gratuitamente para download.



Contudo, a Microsoft tem ainda que enfrentar um problema. É que o acordo proposto continua a depender de uma decisão da juíza Collen Kollar-Kotelly relativa a apelos por parte dos nove estados norte-americanos litigantes para deliberar uma sentença mais dura por violação da legislação anti-trust. Estes estados pretendem obrigar a Microsoft a lançar uma versão básica do Windows, sem o browser da Web e um leitor de áudio e vídeo digital.


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