A Neuralink recebeu aprovação para iniciar um novo estudo de viabilidade, que testa a utilização de um braço robótico experimental controlado pela mente, através do seu implante cerebral. O objetivo do estudo é avaliar a segurança da interface cérebro-computador sem fios e do robot cirúrgico desenvolvido pela empresa.
Este novo teste visa investigar o impacto inicial do implante em pacientes com tetraplegia, permitindo-lhes controlar dispositivos externos apenas com o pensamento.
O estudo será conduzido nos Estados Unidos, onde a Neuralink já implantou com sucesso o dispositivo em dois pacientes este ano, o primeiro em janeiro e o segundo em julho.
O primeiro voluntário, Noland Arbaugh, com paralisia, conseguiu jogar videojogos, navegar na internet, publicar em redes sociais e mover o cursor no seu computador, utilizando apenas a mente, mas surgiu um problema não previsto - que acabou ultrapassado.
Numa nota no site, a Neuralink revelou na altura que, nas primeiras semanas após o implante, parte das ligações colocadas no cérebro retraíram-se, diminuindo o número de elétrodos a funcionar. Para responder ao imprevisto, a equipa teve de modificar o algoritmo de registo para o tornar mais sensível aos sinais neuronais que continuava a conseguir medir.
Os problemas observados no primeiro paciente não se repetiram no segundo: Alex começou quase imediatamente a controlar um cursor com a mente e, entretanto, também foi capaz de usar software CAD para criar objetos 3D e jogar Counter-Strike com mais eficácia e rapidez.
Para minimizar o risco de repetição da situação, foram adotadas medidas como a redução do movimento cerebral durante a cirurgia e a diminuição da lacuna entre o implante e a superfície do cérebro, explicaram os responsáveis.
Veja na galeria fotos de várias fases do projeto
Além dos Estados Unidos, a empresa de Elon Musk obteve recentemente a aprovação da Health Canada para realizar testes semelhantes no Canadá, onde em parceria com neurocirurgiões recrutará seis pacientes com paralisia para o estudo.
A tecnologia da Neuralink utiliza um robot cirúrgico para implantar fios ultrafinos numa região específica do cérebro responsável pelas intenções de movimento. O implante, que é invisível sob a pele, transmite sinais cerebrais de forma wireless para uma aplicação que interpreta e é capaz de traduzir as intenções em comandos para dispositivos externos.
Veja o vídeo com a explicação da Neuralink sobre o sistema
Além de avaliar a segurança do dispositivo e do procedimento cirúrgico, a Neuralink pretende explorar o potencial da tecnologia para oferecer maior independência a pessoas com paralisia. A empresa descreveu o desenvolvimento como um "importante primeiro passo para restaurar não só a liberdade digital, mas também a física".
Já em agosto, quando avaliou os progressos do segundo implante humano, a Neuralink disse estar focada em alargar as capacidades do seu chip, nomeadamente desenvolvendo algoritmos para decodificar múltiplos cliques e movimentos simultâneos. Além disso, também tem vindo a trabalhar em tecnologia para reconhecer a intenção de escrever à mão, o que poderá ajudar pessoas com condições como ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) a comunicarem mais facilmente.
Acrescentou ainda que tinha igualmente planos para permitir que o seu chip interagisse com o mundo físico, permitindo o controlo de cadeiras de rodas e braços robóticos - como foi anunciado agora - para ajudar a aumentar a autonomia de pessoas com mobilidade reduzida.
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