A experiência é um exemplo de como o metaverso industrial está a avançar de forma rápida com base na tecnologia de gémeos digitais, uma área onde a Siemens está a apostar e onde Peter Koerte, CTO e Strategy Officer da empresa vê grande potencial de crescimento.

"Acreditamos que o metaverso industrial vai acontecer mais rápido do que na área de consumo [...] vai tornar-se real com os digital twins que são a fundação de tudo o que fazemos na parte industrial", defendeu Peter Koerte, durante uma conferência de imprensa no Web Summit.

A ideia já tinha sido partilhada na conferência que assinalou o 175º aniversário da empresa alemã, que está a investir cada vez mais na digitalização e lançou o Siemens Xcelerator, uma plataforma de negócios digital aberta para clientes, parceiros e programadores que Peter Koerte acredita ser a base dos blocos de construção do metaverso.

A experiência transposta para o pavilhão da empresa no Web Summit tira partido da simulação fotorealistica, permitindo aos utilizadores mergulhar em realidade virtual para a instalação submersa da Nemo's Garden, uma empresa que está a desenvolver quintas digitais submarinas onde cultiva vegetais em ambiente controlado.

Com a ajuda dos óculos de realidade aumentada e um comando é possível ver e tocar os vegetais, mas também cheirar o ambiente húmido da quinta, uma experiência no metaverso que tira partido do gémeo digital (digital twin) construído com a Siemens para simular e optimizar as condições de operação da quinta antes de a implementar. Com os sensores instalados as condições de produção podem ser medidas em permanência, assim como a circulação de ar e temperatura.  O objetivo agora é alargar a experiência a outras zonas.

"Ao entrar no metaverso as viagens no tempo são possíveis"

Peter Koerte defende que o exemplo do Nemo's Garden é um dos que mostra o potencial do metaverso na área industrial, mas que há mais em desenvolvimento e que a própria Siemens criou um gémeo digital de uma fábrica, com o qual foi possível optimizar a operação e treinar os funcionários. "Há grande empresas a trabalhar nesta área mas também pequenas empresas que estão a ver os benefícios e querem entrar no metaverso industrial", defende.

A Siemens tem vários projetos de digitalização na indústria que estão a avançar para o metaverso, tirando partido da tecnologia de Digital Twins. Peter Koerte, defende o potencial que existe e que vem trazer mais flexibilidade, eficiência e até poupança energética. E também a democratização. "Queremos democratizar, para fazer isto para qualquer pessoa e não apenas para engenheiros", explica.

"A nossa fábrica é a primeira "nativa digital" porque nasceu primeiro no digital e é 20% mais produtiva do que a sua "irmã" que está em produção", justifica o CTO da Siemens.

Os gémeos digitais não se limitam à definição inicial e podem evoluir com a ajuda de sensores, fazendo simulações das alterações a implementar. "Acreditamos que ao entrar no metaverso as viagens no tempo são possíveis [...] pode voltar atrás no tempo com a informação que temos de simulação, e também prever o futuro".

Para o especialista, ainda não temos todas as condições montadas para implementar realmente o metaverso como se pretende. "Já temos os blocos, se pegarmos em todos individualmente funcionam, mas se tentar tudo ao mesmo tempo pode não funcionar", explica, dizendo que ainda há requisitos técnicos que precisam de evoluir, em termos de processamento computacional mas também de componentes de realidade virtual e aumentada, mas a chave está na colaboração.

"Precisamos de parcerias para pôr isto a funcionar e queremos envolver programadores", adianta, explicando que já existe um marketplace onde podem colocar o software à venda.

O SAPO TEK está a acompanhar toda a edição do Web Summit em direto até dia 4 de novembro. Siga todas as notícias aqui, acompanhando também a transmissão em direto no palco principal.

Veja ainda algumas das principais imagens que a equipa do SAPO TEK vai recolhendo por dentro do Web Summit