A Oracle tem vindo a converter o negócio tradicional, baseado em licenças, num modelo as a service. Tem perdido receitas no primeiro, mas tem conseguido compensar o decréscimo faturando mais na área da cloud. No último trimestre fiscal da companhia as receitais relacionadas com a nuvem cresceram mais de 50%.

A tendência é global mas também se reflete em Portugal. Hugo Abreu, diretor-geral da Oracle Portugal, revela que a nível local o crescimento das receitas cloud é ainda mais significativo, mas também admite que isso acontece porque a base de comparação é menor.

Nos últimos anos as empresas portuguesas têm-se preparado para esta mudança e estão prontas para a fazer, defende Hugo Abreu. O responsável considera que essa orientação está hoje no espírito da maior parte dos gestores e quando começar a produzir resultados vai converter-se numa grande onda de investimento. “Vamos ver um salto quântico na adoção de soluções cloud” em Portugal. E isso acontecerá ao longo dos próximos dois anos, prevê.

O atual ano fiscal da Oracle termina a 31 de maio e nessa altura a empresa fechará o exercício em Portugal com um crescimento de dois dígitos. Para o ano seguinte a previsão volta a ser a de um crescimento na ordem dos dois dígitos, uma indicação genérica porque a empresa não divulga números locais.   

O tema da transformação digital assumiu lugar de destaque no discurso de fabricantes de TI e analistas e a Oracle não é exceção. A empresa também olha para esta “transformação silenciosa” - como lhe chama Hugo Abreu - como uma oportunidade, que nos próximos anos vai materializar-se em investimento em TI.

Esta transformação vai assumir ritmos diferentes em diferentes sectores e será mais lenta naqueles que foram mais impactados pela crise. O sector financeiro está entre os que perderam ritmo no investimento, em compensação outros mercados tipicamente mais tradicionais assumem hoje essa liderança na inovação tecnológica, como as utilities, exemplifica Hugo Abreu. As telecomunicações e a distribuição mantêm-se no leque das indústrias que mais investem em TI. Lideram a inovação e estão entre as mais preparadas para a transformação digital. O sector público é outra prioridade da Oracle que considera boas notícias as intenções do novo governo na área da modernização administrativa, enquanto aguarda para ver como se concretizam, referiu esta terça-feira Hugo Abreu num encontro com a imprensa.