O Web Summit é sinónimo de centenas de conferências e talks, com especialistas em diversas áreas. Mas para provar que não são apenas as pessoas a assumir o palco das sessões, na talk “The Future of Companions Robotics” o protagonista foi, claro, um robot. Dor Skuler, CEO da Intuition Robotics foi acompanhado pelo seu ElliQ the Robot, um companheiro robótico alimentado por inteligência artificial, criado para acompanhar pessoas com mais de 65 anos, sobretudo aqueles que vivem sozinhos, de forma a diminuir a sua solidão.
Dor Skuler, diz que constrói robots como o ElliQ, para ajudar a fazer companhia a pessoas mais solitárias. O design do robot não tem um aspeto humanoide, não tem olhos ou face, tem um design simples e claramente longe de um humano. Foi inspirado no candeeiro da Pixar, para ser colocado em cima de uma mesa.
É um robot interativo, que se distingue da Alexa ou Siri, que são classificados como grandes agentes computacionais, mas ligados à produtividade. Neste caso, o robot ouve e decide quando se abordar os utilizadores humanos. Nos dados que recolheu sobre preferências, os utilizadores dizem que sistemas como a Alexa são bons para ouvir música, mas a EliiQ é uma verdadeira companheira artificial, destaca. E foi escolhida propositadamente a voz com entoação robótica, que pode interagir diretamente com o utilizador, mas proactivamente pode iniciar conversas, fazer perguntas ou sugestões aos seus utilizadores. Isso significa que o robot está sempre à escuta, sem a necessidade de ser ativado.
Durante a demonstração notou-se uma interação mais lenta, por vezes sem resposta, mas esta não se limita a receber instruções, esta pode mesmo “meter-se nas conversas”, mesmo que as suas interações sejam, por vezes, um pouco fora do contexto. O objetivo é manter a simplicidade do sistema, pois é necessário manter a interação com um idoso que muito provavelmente não entende tecnologia.
Mas o robot está treinado para, caso seja ativado, chamar um médico ou os filhos dos utilizadores, quando percebe que o utilizador não está bem. Claro que tem de perguntar primeiro se quer que faça essa chamada, mas pode evitar muitos incidentes, refere o COE da Intuition Robotics.
Antes de chegar ao mercado, o robot esteve em testes durante seis anos e meio, e a ajudar pessoas em beta durante três anos e meio. Agora existe a pandemia da solidão, um conceito a ganhar força devido à COVID-19. A situação abriu portas a este negócio dos robots companheiros e o ElliQ é um dos candidatos a assumir essa tarefa de fazer companhia aos mais necessitados. O líder da empresa diz que muitos idosos estão confinados às suas casas, em “condições semelhantes a um prisioneiro numa prisão”. Mas neste caso, essa prisão é mais psicológica devido aos efeitos da solidão. Estimular o cérebro dos idosos é igualmente importante, algo que o robot, através das conversas, consegue fazê-lo, defende Dor Skuler.
Mas será que o robot vai substituir o tratador de saúde? Dor Skuler diz que o pensamento de que os robots vão limpar tudo e fazer todas as tarefas que menos gostamos, é absurdo. “Nunca vai ser possível substituir um humano”. Mas salienta que o problema é que não existem tratadores suficientes para tratar das pessoas e é aqui que entram então os robots, como forma de mitigar um problema social e de saúde.
A ElliQ faz perguntas proactivamente aos utilizadores, desde como se sentem, ou mesmo memorizando problemas anteriormente registadas, voltando a perguntar mais tarde, se os sintomas continuarem. Dor Skuler reforça que é sempre necessário pedir autorização para chamar os contactos de emergência, dentro das regras de privacidade.
A empresa teve problemas com a falta de componentes, referindo que um dos elementos do robot que custa 20 cêntimos chegou às dezenas de dólares no fornecedor. Questionado se há planos para criar uma versão mais humana do seu robot, Dor Skuler afirma que não, “por que razão haveria a necessidade de imitar um humano?” As pessoas não o veem como uma pessoa, mas também não como um equipamento. Há a possibilidade de escolher uma personalidade feminina ou masculina. No seu estudo de mercado, as utilizadoras preferem uma companhia feminina e os homens ainda preferem mais, por isso, por defeito, a ElliQ é um robot com voz de mulher.
Todas as conversas são contextuais e até pode sugerir aos utilizadores a captura de alguns momentos para recordar mais tarde, algumas memórias que podem depois ser partilhadas com os netos, por exemplo. O robot também tem efeitos para acalmar a ansiedade, com frases simples, quando nota nervosismo dos utilizadores.
As limitações das pessoas, ter de tratar dos filhos, dos pais, das suas carreiras profissionais, todo o stress e cansaço inerente fazem parte da vida. Mas reforça que a tecnologia prova ser possível mitigar e poupar alguma energia aos utilizadores.
Os robots vão ser os donos disto tudo… na agricultura. Grande e pequena
Sabia que muitos dos veículos mais avançados do mundo estão em quintas agrícolas? E que ser agricultor ocupa o terceiro lugar no top das profissões mais perigosas? Quem assistiu à sessão “Robots will be running the farm”, do Web Summit, ficou informado - assim como quem acabou de ler estas linhas.
A Inteligência Artificial e os veículos autónomos estão prestes a chegar à quinta mais próxima de si, isto se não tiverem já chegado. Foi desta ideia que partiu a conversa na sessão “Robots will be running the farm”, com Barrin Lunn e Praveen Penmetsa.
O primeiro, fundador e CEO da Provizio, uma empresa que usa robótica, inteligência artificial e radares para desenvolver soluções na área da tecnologia de prevenção de acidentes, começou por lembrar que ser agricultor é a terceira profissão mais perigosa do mundo, por aspetos que vão desde a exposição aos químicos à condução de máquinas.
Embora todos devessem ter acesso a tecnologia de prevenção de acidentes, há uma grande disparidade de utilização entre os grandes agricultores e os pequenos agricultores, que começa logo na diferença da capacidade de investimento, mas também se justifica muito pela dificuldade em dar a conhecer as soluções e mostrar a importância da sua utilidade.
O primeiro, fundador e CEO da Provizio, uma empresa que usa robótica, inteligência artificial e radares para desenvolver soluções na área da tecnologia de prevenção de acidentes, começou por lembrar que ser agricultor é a terceira profissão mais perigosa do mundo, por aspetos que vão desde a exposição aos químicos à condução de máquinas.
Embora todos devessem ter acesso a tecnologia de prevenção de acidentes, há uma grande disparidade de utilização entre os grandes agricultores e os pequenos agricultores, que começa logo na diferença da capacidade de investimento, mas também se justifica muito pela dificuldade em dar a conhecer as soluções e mostrar a importância da sua utilidade.
Praveen Penmetsa adicionou à conversa o tema da sustentabilidade e da gestão de dados, a área de negócio da empresa Monarch Tractor, mais especificamente relacionada com a horto e fruticultura, que fundou e gere, mencionando desafios como a falta de capacidade de investimento da maior parte das quintas “que consegue o mínimo para sobreviver” ou a falta de mão de obra, também pelo envelhecimento da mesma.
O CEO da Monarch Tractor sublinhou ainda a importância dos dados, “para os agricultores contarem a história do alimento ao consumidor”, igualmente como um dos principais desafios atuais, assim como encontrar o equilíbrio entre um bom hardware e um bom software, que permita aos veículos trabalharem 24/7, com autonomia, em diferentes condições climatéricas, acessíveis a um maior grupo de pessoas. “A maior parte dos problemas [na horto e fruticultura] estão no terreno: não são coisas que os satélites possam resolver”, rematou.
O SAPO TEK acompanhou toda a edição do Web Summit em direto, entre 1 e 4 de novembro. Veja ou reveja todas as notícias no Especial Web Summit 2022.
Espreite ainda algumas das principais imagens que a equipa do SAPO TEK foi registando por dentro do Web Summit
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