O serviço de cloud gaming da Google, o Stadia, foi lançado em novembro de 2019 em 14 mercados diferentes, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Foi um ano de testes para refinar a plataforma que pretende ser uma alternativa às ofertas das consolas PS Now da Sony e xCloud da Microsoft. Mas há outros serviços concorrentes, como o GeForce Now da NVidia e em breve o Luna da Amazon.
Cada serviço tem as suas próprias ofertas e condições de acesso, mas no caso do Stadia, este assume-se como uma plataforma e marketplace de jogos. Ou seja, destina-se sobretudo aos jogadores que não têm uma consola ou um PC com capacidade de correr os videojogos mais recentes, não ficarem de fora, acedendo aos títulos mais recentes do mercado através de um simples browser de internet ou app para smartphone. A diferença para os restantes serviços é que, para além das ofertas de títulos na sua versão gratuita (e limitada) do serviço, assim como uma assinatura mensal Pro, que acrescenta resolução a 4K e HDR a 60 FPS e o acesso a jogos grátis selecionados, por um valor de 9,99 euros; o Stadia vende os jogos diretamente na sua loja, permitindo aos utilizadores acederem sempre e onde quiserem à sua coleção, com ou sem a respetiva assinatura Pro.
Novidades como Watch Dogs Legion ou Assassin’s Creed: Valhalla, e até Cyberpunk 2077 que sai esta semana, podem ser adquiridos ao mesmo preço de um jogo de consolas, entre os 60 e 70 euros para os mais recentes títulos AAA. A diferença é o seu acesso sem download ou instalação, necessidade de patches de dia 1, estando tudo na nuvem e para utilização imediata, seja no PC via browser ou app para tablets ou smartphones Android.
Já pode aceder ao Stadia em Portugal
A partir de hoje, 7 de dezembro, o serviço está disponível em Portugal, mais concretamente depois das 18 horas, ainda que a Google alerte que pode demorar até 24 horas para o serviço estar disponível. Portugal é um dos oito novos mercados que incluem, Áustria, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia, Eslováquia e Suíça que passam a usufruir do serviço. Para aceder ao serviço basta ter uma conta da Google ativa (a mesma do Gmail, por exemplo) e aceder ao website oficial. Terá ainda de definir um nome de avatar único para se identificar na plataforma e um ícone.
Na galeria conheça melhor o Google Stadia em português:
Em vésperas do lançamento do serviço em Portugal, o SAPO TEK participou numa apresentação realizada por Billy Burnett e Samuel Peterson da equipa do Stadia, que explicaram que a Google aproveitou o conhecimento da sua loja de aplicações Play Store, assim como o YouTube, para a expansão do serviço de cloud Stadia, que a empresa vê como uma evolução natural da sua oferta anterior.
O objetivo era criar uma plataforma de jogos para todos, que pudesse evoluir mediante as necessidades dos jogadores. “Uma plataforma que os jogadores saltassem de imediato para os jogos que quisessem jogar, sem downloads, carregamentos ou atualizações”, destacou Samuel Peterson.
A Google promete a menor latência possível nos seus serviços de gaming, graças aos seus data centers, assim como a tecnologia proprietária para streaming. A empresa afirma ter mais de 7.500 pontos otimizados, capazes de gerar 10,7 teraflops de potência para gaming. Como referido, o objetivo do serviço é processar os conteúdos na cloud e enviar o sinal por streaming para qualquer computador, tablet ou smartphone, prometendo funcionar não só nos equipamentos Android, como em ambiente iOS, através da app que vai chegar em breve.
O serviço, segundo a empresa, trabalha com uma simples ligação de 10 Mbps para obter qualidade de 720p a 60 FPS, com som stereo; 20 Mbps para aceder a 1080p, 60 FPS e som 5.1 surround. Para conteúdos em 4K será necessário ter uma ligação entre 30 a 35 Mbps para usufruir da melhor qualidade de imagem. Mas na nossa opinião, o melhor é assumir estes valores como os mínimos, dos mínimos, porque mesmo com uma ligação de 60 Mbps, com teste de conexão momentos antes de começar a testar, nem sempre desbloqueou o acesso a 4K. O sistema identifica a ligação e otimiza a experiência automaticamente.
De salientar ainda que o acesso aos jogos com qualidade 4K com HDR consome até 20 GB por hora, enquanto que 1080p pode transferir 12,6 GB por hora e 720p fica-se pelos 4,5 GB por hora. Isto significa que jogar com o smartphone na rua através de uma ligação 4G pode consumir todo o plafond mensal de dados, caso tenha essa limitação, pelo que deve sempre procurar uma rede Wi-fi segura.
Loja com funcionalidades “básicas” mas performance muito satisfatória
Passado um ano do lançamento do Stadia, as suas funcionalidades continuam a ser muito limitadas, mesmo ao nível das opções. Nem sequer tem um motor de pesquisa, algo que ainda não se tinha justificado pela limitação do catálogo, mas que a empresa prometeu que vai adicionar em breve, pela quantidade de novos jogos que estão a chegar.
A plataforma divide-se entre a página inicial, onde vão sendo listados os jogos que os utilizadores adicionam à sua coleção e a Loja para adquirir as novidades. À direita tem um botão para convidar amigos a utilizar o Stadia, mesmo a versão gratuita e outro para a deteção do comando. Apesar da Google ter um pacote de fundadores que inclui o seu próprio comando, é possível ligar qualquer controlador seja ao PC ou emparelhado com os smartphones, da Xbox ou PlayStation 4. Nós testámos com o novo comando da Xbox Series X e funcionou perfeitamente.
A badalada funcionalidade de fazer stream direto para o YouTube ainda não está disponível, caso queira fazer terá de utilizar os habituais programas de transmissão como o OBS. Tem ainda algumas opções que pode definir, nomeadamente a privacidade e família. Interessante é que é possível partilhar os links dos jogos (que sejam catalogados no YouTube) e começar a jogar diretamente do mesmo. Imagine que está a ver a streaming de um jogo do Stadia no YouTube e ficou com curiosidade, um link na discrição da stream envia-o diretamente para a loja, para começar a usufruir de seguida, em qualquer plataforma que esteja a assistir.
Já a experiência de acesso aos jogos e performance geral dos títulos é realmente muito boa e rápida nos títulos que testámos, sem qualquer tipo de latência no geral.
Entre a seleção do jogo na loja, adicionar à biblioteca e premir “play”, bastaram poucos segundos para começar a jogar. Para teste, foi-nos enviado um código para o Assassin’s Creed: Valhalla, um dos títulos mais exigentes da plataforma, que testei através do browser do PC. O tempo de resposta dos controlos, sobretudo durante os combates é bastante satisfatória. Não é possível mexer na resolução do jogo, como se fosse um PC, pois o sistema identifica automaticamente as definições na cloud, e tudo depende da velocidade de internet que estiver. Quanto maior a velocidade, mais qualidade de imagem e performance vai obter, como referido anteriormente.
Veja no vídeo o tempo que demora desde a aquisição do jogo a começar a jogá-lo:
Ainda que os visuais no browser do PC parecessem com um pouco de granulado (talvez por estar a jogar num monitor 4K), jogado a partir do smartphone foi uma das melhores experiências que tive num jogo em cloud gaming. Todos os detalhes, as partículas, as texturas, os efeitos HDR, estavam ao nível daquilo que este título consegue oferecer nas outras plataformas físicas. O melhor, neste caso em concreto, é que através do Ubi Connect, o serviço da Ubisoft, consegui continuar a aventura no Stadia, a partir do mesmo ponto de gravação que deixei na Xbox Series X.
Outros títulos testados como Hitman 2 ou o frenético Celeste e o mais recente Outcasters mostraram-se igualmente fluídos e consistentes no serviço. Mais uma vez, quanto melhor a ligação de internet, mais fluidos e definidos os jogos serão mostrados aos jogadores. E as plataformas de cloud gaming vão sobretudo ganhar com a velocidade do 5G, mas também a sua consistência, ultrapassando ainda aqueles milissegundos de latência que podem ditar uma má experiência de jogo. Sobretudo em títulos competitivos, tais como jogos de combate, por exemplo.
Catálogo começou tímido, mas há um road map com 500 jogos previstos
Desde início que uma das críticas ao Stadia foi a ausência de uma oferta consistente de jogos no serviço e na sua loja. O serviço começou com um catálogo de 12 títulos e até ao final de 2019 adicionou mais 14. E inicialmente a oferta de jogos gratuitos estava limitada ao serviço Pro, levando muitos utilizadores “early adopters” a interrogar a qualidade da plataforma que investiram (o Founder’s pack custava 130 dólares por um comando e três meses de assinatura Pro). Só em fevereiro foi adicionado a possibilidade de ter acesso a jogos gratuitos sem uma assinatura paga, numa assinatura básica.
Mas a equipa do Stadia tem vindo a adicionar vários jogos ao seu catálogo, e há cada vez editoras a apoiar, listando as suas novidades para a plataforma, como é caso da Ubisoft e a Electronic Arts, mas outros pesos pesados como a 2K Games, a Capcom, Square Enix e a Konami, para mencionar alguns. Há cerca de 70 jogos no catálogo, mas Samuel Peterson referiu que estão 100 novos títulos a caminho para breve (incluindo o referido Cyberpunk 2077 e Hitman 3 que é lançado em janeiro) e nos próximos anos um “road map” com mais 400 títulos em produção.
Veja na galeria alguns dos jogos disponíveis no Google Stadia
Chegaram recentemente também à loja de ofertas Immortals: Fenyx Rising, Phogs e El Hijo. E antes, a nova expansão para Destiny 2, New Light. A Google tem ainda estúdios internos da Stadia, liderada por Phil Spencer, a produzir exclusivos para o seu catálogo, que podem ser diferenciadores na angariação de novos utilizadores da sua plataforma. A tecnológica também fechou negócio com estúdios externos para obter alguns exclusivos: Outcasters chegou na semana passada, juntando-se a Gylt da Tequila Works que tinha saído há algum tempo apenas nesta plataforma.
Durante a apresentação foi explicado que uma funcionalidade que vai ser introduzida é a possibilidade de aceder ao stream do que os jogadores estão a fazer, naquilo que que a empresa afirma como o “próximo nível de jogo cooperativo”. Para os criadores de conteúdo do YouTube, o Stadia permite criar experiências interativas num sistema que chamou de Crowd Choice, em que os espetadores escolhem certas bifurcações da história, por exemplo, com impacto direto no decorrer da narrativa.
Para a Google, as vantagens do seu serviço passam pelo acesso instantâneo, o local onde os jogadores jogam, o acesso a jogos gratuitos, e claro, dispensa a compra de qualquer hardware, incentivando os jogadores a investirem em jogos, aquilo que poupam em consolas e computadores. A gigante tecnológica esqueceu-se de acrescentar que para usufruírem do serviço em pleno, os jogadores necessitam também de reforçar a sua ligação à internet, caso não tenham a velocidade necessária.
O Stadia é mais um passo em frente nos serviços de cloud gaming, juntando-se à Sony, Microsoft e NVidia, e outras, no desenvolvimento de uma plataforma que se possa “comparar” ao Netflix para os videojogos. Pelo menos no que diz respeito ao acesso instantâneo dos jogos que queremos jogar.
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