Tudo parecia estar bem a 19 de outubro último, quando o Schiaparelli se preparava para entrar na atmosfera de Marte com o objetivo de pousar inteira e calmamente em solo marciano, continuando a sua quota-parte da missão ExoMars para a qual tinha sido “contratado”.
O escudo que iria proteger o módulo espacial na entrada na atmosfera do planeta vermelho foi acionado, assim como a abertura do paraquedas. Especulou-se na altura que o problema que levou à queda da cápsula espacial - como a ESA prefere chamar-lhe - poderia estar relacionado com um arranque tardio do sistema de travagem.
Perante as conclusões do inquérito final, sabe-se agora que o desfecho menos positivo se ficou a dever a “informações contraditórias no computador de bordo”.
De acordo com o relatório, a “dura aterragem” da Schiaparelli foi provocada por um erro que provocou cálculos de estimativas de altitude errados e levou à ativação prematura das “tarefas” programadas para esses cálculos.
Conclui-se desta forma que a fase final da descida da cápsula espacial em direção ao solo marciano foi acionada demasiado cedo, tendo como consequência a ativação prematura do paraquedas e, por sua vez, a dos propulsores, que não tiveram tempo para cumprir a sua tarefa de “travagem”.
E foi assim que a Schiaparelli entrou em queda livre, atingindo o solo em apenas meio minuto, a uma velocidade de 150 metros por segundo, acabando desfeita.
Jan Wörner, diretor geral da ESA, fez questão de sublinhar na altura que o pousar do dispositivo em solo marciano era apenas uma parte de todo um teste com vários momentos desta fase da ExoMars, e que não punha em causa o seu sucesso. Pelo contrário. “A cápsula entrou na atmosfera de marte e todo o hardware e sensores produziram uma quantidade enorme de dados, e esse era o objetivo mais importante do teste”.
A Schiaparelli separou-se da sonda-mãe principal no dia 16 de outubro, começando a descida em direção ao Planeta Vermelho, onde devia pousar dia 19 seguinte, em Meridiani Planum, uma zona junto ao equador marciano.
Depois de pousar, a intenção era que pudesse usar os instrumentos "meteorológicos" de que vai munido para medir elementos como a velocidade e a direção do vento, a humidade, a pressão, a temperatura e também os campos elétricos da atmosfera marciana.
Por outro lado, a outra parte da missão, que compreendia pôr a sonda-mãe, TGO, em órbita, foi conseguida com sucesso total. “Este era um momento que representa um marco importante na ExoMars. A TGO está pronta para fazer ciência e para recolher os dados necessários para a próxima fase da missão”, garantiu o responsável.
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