O impacto da inteligência artificial generativa nos videojogos ainda está para ser demonstrada, pelo menos em altas produções. Mas isso não significa que os grandes estúdios não estejam atentos ao potencial da tecnologia e já estejam a fazer testes. É o caso da Sony PlayStation que está a trabalhar no protótipo de um modelo que dá a capacidade de conversar com Aloy, a conhecida protagonista de Horizon Forbidden West.

O projeto está a ser desenvolvido internamente no estúdio da Guerrilla Games, criadora da série Horizon, mas o The Verge teve acesso a uma fuga de informação de um vídeo que demonstra o potencial da tecnologia, mas que foi retirado do YouTube por infringir direitos de autor. O vídeo em questão é uma demonstração interna, narrado por Sharwin Raghoebardajal, diretor de engenharia de software da Sony Interactive Entertainment, ligado ao trabalho em IA, visão computacional e tecnologia facial.

O vídeo mostra Aloy alimentada por IA generativa a manter uma conversa fluída com o jogador através de prompts de voz, enquanto joga. A personagem tem coordenação de voz e movimentos faciais enquanto fala com o jogador, numa demonstração feita numa demo específica, mas também inserida no jogo completo Horizon Forbidden West, explica o The Verge. De notar que não se trata de um produto, mas sim uma demonstração, sendo Aloy escolhida para o teste.

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É avançado que a Sony utilizou o modelo Whisper da OpenAI para gerar voz-para-texto e o GPT-4 e Llama 3 para alimentar as conversas e as tomadas de decisão. A Sony utiliza duas tecnologias chamada Emotional Voice Synthesis (EVS) para gerar as conversas e o sistema Mockinbird para animar as faces das personagens através do áudio.

A demonstração presente no vídeo corre no PC, mas a Sony diz que experimentou utilizar a tecnologia também na sua consola PlayStation 5. O sistema já tinha sido demonstrado internamente há um ano e mais recentemente em Tóquio, durante o evento Sony Technology Exchange Fair. Segundo Sharwin Raghoebardajal, a demonstração é apenas uma ponta do véu daquilo que é possível.

A criação de personagens de videojogos alimentados por IA tem sido também demonstrada pela Nvidia. A primeira versão dos humanos digitais foi demonstrada em 2023, em que o sistema ACE dava vida e voz às personagens com que se interagia, de forma natural. No ano passado, a Nvidia mostrou uma atualização da tecnologia durante a Game Development Conference (GDC). A demonstração chamada Covert Protocol, criada em parceria com a Inworld AI, elevou a fasquia do potencial das personagens inteligentes.

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A nova edição do GDC decorre este ano e promete um regresso da NVidia para demonstrar os avanços da tecnologia. De recordar que já foi criado o primeiro jogo a utilizar a tecnologia ACE, chamado Mecha Break. No jogo, o jogador utiliza um microfone para interagir diretamente com as personagens, dispensando textos e opções de diálogo. As respostas são geradas pela IA generativa e pretendem ser dinâmicas na interação com o jogador.

A Microsoft também já anunciou uma parceria com a Inworld AI para criar ferramentas de IA generativa para ajudar os developers e estúdios a expandirem histórias, missões e diálogos nos seus jogos. A Ubisoft já tinha revelado como o seu sistema de IA generativa, batizado de Ghost Writer, estava a ajudar a desenvolver diálogos e respostas das diversas personagens espalhadas pelos seus gigantes mundos virtuais.