Dois táxis autónomos impediram uma ambulância que transportava um ferido grave de chegar ao hospital no tempo recomendado. A empresa que gere os táxis afirma que não tem culpa. O homem, ferido num acidente que envolveu outros veículos autónomos, acabaria por morrer, minutos mais tarde.
Os táxis encontravam-se parados numa estrada com quatro vias de sentido único, ocupando as duas mais à direita, perto do local do acidente. A viatura da polícia que assistia os envolvidos teve de ser deslocada para que a ambulância pudesse seguir caminho.
Escreve o The New York Times que os táxis autónomos acabaram por atrasar o transporte das vítimas, bem como a assistência médica no local.
O paciente atropelado foi declarado morto 30 minutos depois de chegar às urgências do Zuckerberg San Francisco General Hospital, a 3,8 quilómetros do local do acidente.
A Cruise, empresa subsidiária da General Motors especializada em veículos autónomos, afirma que "assim que a vítima foi colocada dentro da ambulância, esta seguiu sem qualquer impedimento". A empresa explica ainda que foi contactada pela polícia por forma a deslocar remotamente os seus veículos, coisa que, segundo imagens partilhadas com o NYT, se pode confirmar. Ainda de acordo com as mesmas gravações, é possível aferir que a ambulância abandonou o local cerca de 90 segundos após ter carregado o ferido.
Jeanine Nicholson, chefe do quartel de bombeiros que primeiro socorreu as vítimas deste acidente, explica que em casos como este, todos os segundos contam e que o problema está no facto de os táxis autónomos terem impedido o normal acesso aos feridos. "Nunca vi a Cruise a assumir a responsabilidade do que quer que fosse", rematou.
Aaron Peskin, presidente do conselho de supervisores da cidade californiana de São Francisco, comentou que independentemente do motivo que levou à morte da vítima, importa discutir o "total" de incidentes que envolveram viaturas autónomas. Segundo Peskin, os relatos mostram que estes veículos não estão prontos para operar em hora de ponta.
Nicholson adianta que já foram registados mais de 70 casos em que veículos autónomos obstruíram a marca a viaturas de socorro. As autoridades não estão, contudo, obrigadas a reportar estes incidentes, uma vez que apenas lhes é requerida a comunicação de colisões.
Recentemente, a Cruise e a Waymo, subsidiária da Alphabet, obtiveram uma licença que lhes permitem cobrar por viagens feitas a qualquer hora do dia, dentro dos limites de São Francisco. Desde então que já se registaram colisões com veículos dos bombeiros e carros presos em cimento por secar, situações que obrigaram o governo local a ordenar a retirada de 50% dos táxis autónomos das estradas enquanto os incidentes eram investigados.
David Chiu, procurador municipal, já solicitou a suspensão do plano de expansão dos serviços de táxi com veículos autónomos.
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