A adoção da Internet móvel a nível mundial está a aumentar, mas muito ligeiramente. Apenas 160 milhões de começaram a utilizar internet móvel em 2023, persistindo clivagens digitais significativas entre regiões do globo. O crescimento do ano passado é semelhante ao de 2022, mas representa um abrandamento relativamente ao período 2015-2021, quando mais de 200 milhões de pessoas aderia ao serviço anualmente.
90% do crescimento em 2023 é proveniente de países com rendimentos baixos ou médios (LMIC), onde vive 95% da população desconectada. A GSMA Mobile for Development Foundation, autora do estudo State of Mobile Internet Connectivity 2024, alerta para a importância de combate a este digital divide que pode implicar benefícios socioeconómicos, sendo “mais crucial do que nunca”.
O estudo assinala que 4,6 mil milhões de pessoas (57% da população mundial) utilizam internet móvel nos seus próprios equipamentos. Mas aponta também para uma série de défices que afetam uma grande faixa da população mundial.
Segundo a GSMA, 4% da população mundial vivem em áreas que não têm redes de Internet móvel, e 3,1 mil milhões (39%) não utilizam a internet móvel, apesar de viverem onde existe cobertura. O défice de utilização é nove vezes maior do que o défice de cobertura. Na África subsariana apenas 27% da população utiliza serviços de internet móvel, o equivalente a um défice de cobertura de 13% e a um défice de utilização de 60%.
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Reduzir o défice de utilização poderia representar 3,5 biliões de dólares para a economia global no período 2023-2030, sendo que 90% deste impacto beneficiaria os países LMIC. E as barreiras à adoção da conectividade móvel nos países LMIC estão identificadas: preço dos equipamentos e literacia e competências digitais.
Nestes países, os equipamentos mais baratos de acesso à Internet custam 18% do rendimento mensal médio, percentagem que sobe para 51% no caso dos 20% mais pobres do mundo. Na África Subsariana, que representa um quarto da população global sem ligação, este valor sobe para 99% do rendimento mensal médio dos 20% mais pobres da região.
“Apesar dos progressos contínuos na expansão do alcance da infraestrutura de rede e no aumento da adoção da Internet móvel, continuam a existir fossos digitais significativos”, afirmou John Giusti, diretor de regulamentação da GSMA.
O responsável apela à colaboração entre os governos, as organizações internacionais e o sector das comunicações móveis, algo “essencial para eliminar obstáculos como a acessibilidade dos preços, as competências digitais e a sensibilização para a Internet móvel e os seus benefícios. Este esforço deve também centrar-se no investimento em ecossistemas digitais locais e na garantia de estruturas sólidas de segurança em linha.”
O estudo foi financiado pelo Foreign, Commonwealth and Development Office (FCDO) do Reino Unido e pela Swedish International Development Cooperation Agency (Sida) através da GSMA Mobile for Development Foundation.
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