Um grupo de artistas musicais e ativistas dos direitos humanos apela ao Spotify para que reconsidere o uso de uma nova ferramenta de reconhecimento de voz vista como invasiva, manipuladora e discriminatória, alertando para a possibilidade de por em causa a segurança e privacidade dos utilizadores.
No início deste ano, o Spotify patenteou uma nova tecnologia que permite analisar a voz do utilizador, assim como o “pano de fundo” sonoro do local onde se encontra, para recomendar faixas musicais que enquadrarão com a sua disposição, género, idade e até pronuncia.
Numa carta a Daniel Ek, CEO do Spotify, o grupo afirma que a tecnologia é “perigosa” e uma “violação da privacidade e de outros direitos humanos”. O grupo argumenta que, caso se comprove que funcione, a ferramenta dará ao Spotify um “incentivo para manipular as emoções de uma pessoa de modo a encorajá-la a continuar a ouvir conteúdos na plataforma”.
“Uma empresa privada não deve ter este tipo de responsabilidade sob o bem-estar de uma pessoa”. Os artistas e ativistas defendem que a tecnologia poderá também perpetuar estereótipos discriminatórios em relação ao género.
Uma vez que a tecnologia estará a monitorizar as conversas dos utilizadores, o grupo afirma que a recolha deste tipo de dados pode “tornar o Spotify num alvo para partidos terceiros que estão à procura de informação”: de governos autoritários a hackers maliciosos.
Assim, os artistas e ativistas apelam ao Spotify para que declare publicamente que não usará ou venderá a tecnologia criada, respondendo também a todas as questões levantadas na carta enviada até o próximo dia 18 de maio. “Os utilizadores do Spotify merecem respeito e privacidade, não manipulação e monitorização dissimuladas”, sublinham.
O grupo já tinha enviado uma carta à empresa de streaming em abril deste ano, a qual teve uma resposta, porém não aquela desejada. Nela, o Spotify indica que nunca implementou a tecnologia descrita na patente nos seus produtos nem planeia fazê-lo, se bem os ativistas argumentam que a empresa não elucidou claramente os motivos pelos quais está a explorá-la.
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