Burkina Faso, Cuba, Chade, Irão, Jordânia, Mianmar, Nigéria, Paquistão e Sudão estão na lista de países que em 2021 desligaram intencionalmente a internet, como forma de impedir protestos ou reprimir dissidências. O relatório "Autoritarismo Digital" da Access Now, mostra que este tipo de intervenções é cada vez mais frequente e que aumentou significativamente em 2021 face ao ano anterior.
Não são apenas a China e a Rússia que controlam a internet, originando uma fragmentação que muitos defendem que pode pôr em causa a internet como a conhecemos, um fenómeno que é conhecido como Splinternet, como o SAPO TEK escrever recentemente.
Segundo os dados, as autoridades deliberadamente desligaram a internet pelo menos 182 vezes em 34 países durante o ano de 2021. O desligamento da internet na Faixa de Gaza, Mianmar e na região de Tigray, na Etiópia, foi instituído durante os conflitos militares, mas outros países decidiram desligar o acesso em "eventos nacionais importantes" ou em "momentos críticos", como explica Felicia Anthonio, gestora da campanha #KeepItOn.
“As autoridades fecharam a internet para fechar a democracia. São 182 vezes que um líder decidiu silenciar deliberadamente um povo em vez de capacitá-lo a falar”, afirma Felicia Anthonio.
A organização Access Now revela que o maior infrator foi a Índia, que desligou sua internet em partes do país pelo menos 106 vezes. Este é o quarto ano consecutivo em que a Índia lidera a lista, mas no top 10 há mais nomes frequentes. As autoridades no Mianmar desligaram a internet pelo menos 15 vezes, enquanto o Sudão e o Irão fecharam a internet pelo menos cinco vezes cada um.
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Os bloqueios mais longos da Internet aconteceram no Paquistão, onde 4,5 milhões de moradores da área tribal administrada a nível federal passaram quase quatro anos sem acesso à internet, um "apagão" que terminou em dezembro de 2021 mas que teve início 2016.
Segundo os dados, as pessoas que vivem no estado de Rakhine, em Mianmar, passaram 593 dias sem internet até fevereiro de 2021 e os moradores de Jammu e Caxemira, na Índia, passaram 551 dias sem internet. No caso do povo de Tigray, província do norte da Etiópia, passaram-se 539 dias sem internet e a interrupção continua até hoje.
A repressão dos protestos contra as autoridades esteve na base do desligamento de acesso por parte de 18 governos, pelo menos 37 vezes em 2021, uma subida acentuada face a 15 vezes registadas em 2020.
A organização indica ainda que existiram ainda interrupções mais direcionadas, e que pelo menos 22 países bloquearam o acesso a sites de redes sociais como o Facebook, Twitter e TikTok durante protestos, mas que alguns foram mais longe, bloqueando ou criminalizando o uso de VPNs para contornar interrupções.
“O fecho da Internet e a ascensão do autoritarismo andam de mãos dadas”, explica Marianne Díaz Hernández, do #KeepItOn. “Em 2021, governos de todo o mundo provaram como os apagões podem ser poderosos como ferramentas completas para afirmar o controle sobre as populações. Mas a sociedade civil, a indústria de tecnologia, os órgãos da ONU também provaram que as pessoas podem ser poderosas para resistir e combater esse despotismo online instável.”
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