Assinalou-se ontem, 21 de Outubro de 2001 o "Jam Echelon Day", o dia de Bloquear o Echelon, um protesto que pretende ser, segundo os organizadores, uma campanha educativa que alerte os utilizadores da Internet para as violações de privacidade. A data havia sido marcada em Julho pelo site Cipherwar - Information Warfare que afirmava querer "entupir" o sistema.
O protesto pretendia que o maior número de pessoas enviasse ontem emails contendo palavras que são detectadas pelo sistema de escuta global de comunicações mantido pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. As mais de 1.700 palavras usadas em emails deveriam impedir o sistema de vigilância de funcionar normalmente, mostrando o descontentamento dos cibernautas.
O apelo do site era para que todos os utilizadores da Internet se tornassem "hacktivistas", usando apenas o seu programa de email, mas é difícil medir o real efeito do protesto, como em aliás todos os movimentos do género. Os organizadores pretendem, além de bloquear o Echelon, que os cibernautas deixem de se autocensurar nas comunicações por receio das suas mensagens serem detectadas por este sistema de vigilância, alegando que se o número de palavras-chave que desencadeiam o Echelon for muito grande será impossível este servir realmente para vigiar alguém ou alguma coisa.
Num comunicado enviado por Scully e Michael Teetering (que mantêm o site Chipherwar) para a mailling list Politech de Declan McCullagh no dia anterior ao protesto, estes organizadores explicam que reconhecem que é impossível bloquear o Echelon.
Scully e Michael Teetering afirmam que mesmo que cada cidadão Europeu enviasse um email com as palavras chave, o impacto global no Echelon seria mínimo, reconhecendo que estão limitados na capacidade de causar um impacto real ao sistema. Mas o principal objectivo, causar reconhecimento público para a questão, já está a ser conseguido com a cobertura noticiosa e adesão de cibernautas.
Nesse mesmo comunicado é referido que o protesto conseguiu mais de 30 mirrors (sites que replicam a informação)em sete línguas diferentes e ampla cobertura noticiosa em todo o mundo.
Apesar deste grupo de activistas ter mantido a data do protesto, os movimentos de defesa de privacidade estão a ser olhados com alguma desconfiança desde os atentados de Setembro. O pedido para o aumento de vigilância por parte dos Estados Unidos e da União Europeia pode vir a ser motivo de um recrudescimento nos sistemas de "escuta" electrónica e certamente estes irão limitar a privacidade de todos os cidadãos e dos internautas, mas são considerados por muitos um mal necessário.
Exemplo desse desconforto é um comunicado no site da Cipherwar que afirma ser apenas um site informativo e não de promoção do ódio nem anti-governo. Também o EchelonWatch, gerido por várias organizações de privacidade e um dos que mantinha um ataque mais aceso contra o sistema de vigilância, não tem nenhuma informação sobre o protesto ontem assinalado, mantendo na primeira página um comunicado em que refere o seu lamento pelos acontecimentos de 11 de Setembro e reforça que não defende o fim dos sistemas de vigilância, mas a sua utilização dentro de limites estabelecidos por instituições de governos democráticos.
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