O governo tailandês tem vindo a bloquear centenas de sites, na sequência da instabilidade política que se vive no país. As medidas de censura têm vindo a ser reforçadas nos últimos meses, levando ao controlo de vários meios de comunicação, incluindo a Internet.



A situação agravou-se com a declaração do estado de emergência, em Abril, quando foi apresentada uma lista de 32 endereços proibidos que já vai em cerca de 420, garantem os visados.



"Os maus sites são prejudiciais à sociedade" e devem ser denunciados através de uma linha telefónica criada para o efeito, afirma o ministro da informação tailandês, através de vários cartazes colocados na capital tailandesa, reporta a Associated Press.



Os outdoors ajudam a ilustrar a posição dos governantes tailandeses face à actual situação vivida no país, que já o colocou no 130º lugar da tabela dos países onde a liberdade de imprensa está garantida, segundo os Repórteres Sem Fronteiras (em 2002, quando o observatório foi criado, estava em 65º).



De acordo com a organização, mais de 50 mil sites e página pessoais foram bloqueadas nos últimos anos, com o apertar do controlo sobre os meios de comunicação - que inclui também a proibição de transmissões de televisão por satélite ou rádios que apoiavam opositores do regime.



Aparentemente o Governo já proibia abertamente os sites com conteúdo considerado imoral - onde se incluía pornografia e serviços de apostas online - mas a censura começou a estender-se também às notícias e páginas sobre política.



Depois do afastamento do antigo Primeiro-ministro, em Setembro de 2006, com base na acusação de desrespeito ao rei e à monarquia constitucional, foi instituído um governo de substituição ao qual alguns nacionais não reconhecem legitimidade, exigindo a destituição do parlamento e a convocação de novas eleições.



Na sequência dos últimos protestos que trouxeram manifestantes às ruas durante quase dois meses, originando 29 mortos e quase mil feridos, os governantes declararam, a 7 de Abril, o Estado de Emergência, proibindo os meios de comunicação de disseminar quaisquer notícias susceptíveis de "causar o pânico, instigar à violência ou perturbar a estabilidade".



Foi imediatamente ordenado o encerramento de 36 sites com conteúdos políticos, mas segundo a coordenadora de uma organização que promove a liberdade de expressão na Internet, a lista rapidamente passou a contar com 190 páginas bloqueadas e depois 420, sem que qualquer explicação tenha sido dada.



"A Tailândia está a tornar-se progressivamente como a China, no que respeita à censura da Internet", defende o presidente de uma associação de fornecedores de Internet, citado pela agência noticiosa.



Para além dos sites políticos, as restrições afectaram páginas como o Prachatai.com, que é mantido por jornalistas, políticos e activistas da liberdade de imprensa e que se auto-descreve como um jornal Web diário, independente e sem fins lucrativos, que procura providenciar informação "Numa época de graves restrições à liberdade e independência dos meios de comunicação tailandeses".



E mesmo serviços destinados ao entretenimento e partilha de vídeos, como o justin.tv, ustream.tv e livestram.tv estiveram bloqueados.



Antes de declarado o estado de emergência, existia porém uma lei ao abrigo da qual teriam já sido também proibidos diversos sites, a Computer Crime Act (de 2007), que proibia a circulação online de materiais considerados uma ameaça à segurança nacional ou capazes de semear o pânico público.