A ideia surgiu nos primeiros dias da invasão russa, em fevereiro de 2022, de utilizar drones comerciais em armas de guerra. Um ucraniano, habitante de Kiev, construiu uma espécie de barbatanas numa impressora 3D, de forma a encaixar num drone e transportar granadas, que seriam transportadas pelo céu e arremessadas contra os inimigos. Esse homem, que tem o pseudónimo de Swat, ajuda agora a coordenar uma rede com o nome de Druk Army (Exército de impressão) composto por cerca de 300 impressoras 3D em toda a Ucrânia, como avança o The Economist.

Os drones têm sido utilizados em ambos os lados da guerra e a própria Ucrânia disse em fevereiro que tinha 1.700 drones para ajudar na defesa do país. E alguns dos ataques russos com drones tem feito vítimas mortais, mesmo que a maioria sejam intercetados pelas defesas ucranianas.

A publicação refere que em Latvia existe uma rede semelhante com 150 colaboradores, que operaram em fábricas clandestinas, financiadas sobretudo por donativos, com o objetivo de transformar os drones civis em armas letais. Estas máquinas não são feitas para durar, sendo que algumas delas nem chegam aos objetivos, sendo perdidas algumas por dia. Um coronel ucraniano disse que, de forma direta ou indiretamente, os drones têm um impacto em cerca de 70% das casualidades russas. E acredita-se que estes equipamentos baratos sejam mais eficazes que algumas das máquinas militares.

Veja na galeria as imagens do "antes e depois" da guerra" na Ucrânia:

Apesar da simplicidade da transformação dos drones, há uma elevada dose de criatividade nas soluções encontradas para carregar e lançar bombas. Foi adicionado uma braçadeira impressa em 3D ao motor elétrico. Este motor está ligado a um sensor foto-recetivo, posicionado debaixo de uma luz que existe na maioria dos drones. Essa luz, utilizada para voar de noite, serve como interruptor para largar a carga, quando é acesa pelo operador. E cada um destes adaptadores custa apenas cerca de 10 dólares.

A próxima etapa é fazer a granada explodir. As granadas são rodeadas por anéis impressos em 3D, que prendem o detonador. Mas no impacto com o solo, estes partem-se e fazem as granadas detonarem. Estes processos de adaptação apelam à criatividade dos resistentes ucranianos, desenvolvendo outros mecanismos, tais como invólucros para minas antitanque, que podem ser também largados a partir de drones maiores.

E os drones também podem ser transformados, aumentando a sua capacidade de carga, como uma espécie de artilharia pesada. Na história publicada pelo The Economist, são vários os gadgets transformados em armas militares e uma fábrica perto de Kiev já faz a transformação de 5.000 drones DJI Mavic 3 em bombardeiros, sem chamar a atenção da Rússia. Mesmo que a fabricante chinesa de drones tenha suspendido as suas operações na Rússia e a Ucrânia, por não querer ver os seus drones utilizados na guerra.

Veja na galeria a destruição da guerra na Ucrânia: