Comprar medicamentos pela Internet pode sair bem mais caro do que adquiri-los numa farmácia, acompanhado de uma receita, podendo o aumento de preço chegar até aos mil por cento. Esta é a principal conclusão de um estudo publicado no mais recente número - relativo aos meses de Março e Abril - da revista da Associação de Defesa dos Consumidores (DECO) dedicada a assuntos de saúde, a Teste Saúde, que aponta ainda para o facto de não existirem actualmente mecanismos que garantam a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos comercializados online.



Alguns destes produtos não chegam ao destinatário apesar de terem sido pagos. Os que chegam estão, por vezes, mal acondicionados e o folheto informativo que os acompanha está escrito numa língua estrangeira. Outros chegam ao ponto de não conterem qualquer tipo de informação.



Para chegarem a essas conclusões, os técnicos da Teste Saúde visitaram várias farmácias online e encomendaram 16 produtos, dos quais 14 eram medicamentos sujeitos a receita médica e dois consistiam em suplementos alimentares. Desse total, sete acabaram por não chegar, tendo, no entanto, o valor de dois deles sido debitado no cartão de crédito pouco depois da realização da encomenda.



A maioria dos sites da Web visitados continham informações apenas em inglês. Por outro lado, em mais de metade destas lojas online a informação relativa aos medicamentos era demasiado vaga, estava incompleta ou não existia. Na opinião da DECO, "esta falta de informação é um grave atentado à saúde pública".



Por todas estas razões, a Associação de Defesa dos Consumidores defende que a distribuição dos medicamentos por técnicas de venda à distância continue interdita. "Mas para que essa é mediada seja efectiva, é imprescindível incrementar a fiscalização alfandegária e que as encomendas 'suspeitas' sejam apreendidas", apela a DECO.



Esta organização não-governamental pede ainda "ao Ministério da Saúde para que continue a fazer campanhas de informação, alertando para os riscos da auto-medicação irracional, a necessidade de um acompanhamento médico dos doentes e as consequências que o uso inadequado de medicamentos pode ter para a saúde".



Recentemente, o BMJ - antigo British Medical Journal - revelou um estudo em que os sites de saúde, aparentemente credíveis, poderão não disponibilizar informações muito correctas aos seus visitantes. Contudo, este relatório revela que, embora a qualidade dos sites sobre saúde deixe muito a desejar, tem vindo a melhorar nos últimos anos. No entanto, o risco que se corre ao veicular informações incorrectas é ainda considerado demasiado grande.


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