No final do Fórum para a Governação da Internet, que se realizou no Rio de Janeiro com o patrocínio da ONU, ficaram em cima da mesa algumas propostas que ao longo dos próximos anos deverão ser aprofundadas pelos Governos mundiais, reguladores e cidadãos no geral. A ampliação do acesso à Internet, a diversificação da rede e a luta contra o crime online são alguns dos pontos prioritários



Apesar de muitos participantes darem relevo a questões relacionadas com a segurança ou o crime, aproveitando as possibilidades que a Internet oferece, para os países mais pobres o tema mais importante era simplesmente as questões relacionadas com o acesso e os benefícios que este traria em termos de inovação tecnológica e de desenvolvimento.



Ao longo dos quatro dias, os representantes de mais de uma centena de países debateram aspectos relacionados com a utilização da Internet e os benefícios a retirar da info-inclusão. Contudo, aspectos actuais como a pedofilia, as redes de tráfico estruturadas na Web e o terrorismo também estiveram na ordem do dia.



A diversidade online foi um dos temas onde os intervenientes mais apelaram à inclusão das pessoas com menor capacidade, necessidades especiais ou incentivos tecnológicos aos emigrantes.



O aspecto linguístico foi outro que causou impacto, já que, de acordo com um dos oradores do Fórum, existem 500 línguas disponíveis na rede e o predomínio de algumas é acaba por se assumir como uma limitação cultural.



No que toca à segurança, os participantes reconheceram que esta é uma área com diversos pontos a abordar e onde é necessária a cooperação internacional. Alguns intervenientes chegaram mesmo a ressalvar que os crimes na Internet deverão ser tratados e punidos como qualquer outro delito que aconteça fora da rede.



À semelhança do que já aconteceu em fóruns anteriores, foi ainda criticado o controlo e a influência que os Estados Unidos têm sobre o sistema de nomes e domínios através do ICANN, entre outros factores relacionados com a gestão da Internet.



No entanto, nestes encontros não são tomadas decisões ou recomendações. O Fórum serve para os representantes das nações, sociedade civil, fornecedores de serviços, reguladores e outros intervenientes discutirem as necessidades da sociedade de informação e os passos a tomar para o melhor funcionamento da rede.



Actualmente existem 1,2 mil milhões de pessoas com acesso à Internet. No entanto, continuam a existir 5 mil milhões de excluídos em todo o mundo e as disparidades entre países ricos e subdesenvolvidos continuam a ser significativas, mostraram os números divulgados pelas Nações Unidas.



Markus Kummer, coordenador executivo do Fórum indicou que "há mais de dez anos seria impensável ouvir falar de mil milhões de utilizadores de Internet. Agora fala-se de 2 mil milhões". Mesmo assim, "os custos das ligações internacionais são um peso para os países em desenvolvimento", salientou Augusto Gadelha Vieira, coordenador comité regulador da Internet no Brasil.



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