O Twitter suspendeu na quinta-feira as contas de vários jornalistas que cobriam a rede social e o seu novo dono, Elon Musk. Entre os jornalistas visados estão os profissionais de media como a CNN (Donie O'Sullivan), os jornais New York Times (Ryan Mac) e Washington Post (Drew Harwell), além de outros jornalistas independentes.

A vice-presidente da Comissão Europeia Věra Jourová considerou a decisão "preocupante" e lembrou que há "linhas vermelhas", ameaçando Elon Musk com "sanções, em breve", numa mensagem no Twitter.

"A liberdade de imprensa não pode ser ativada e desativada por conveniência", criticou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, também numa mensagem na rede social. "Por esse motivo, temos um problema com o Twitter", acrescentou.

Numa outra mensagem, o ministro da Transição Digital francês, Jean-Noël Barrot, afirmou-se "preocupado com a deriva na qual Elon Musk precipita o Twitter" e lembrou que "a liberdade de imprensa está na base da democracia".

Alguns dos jornalistas visados tinham escrito sobre a decisão do Twitter de suspender uma conta que seguia as viagens do jato particular de Elon Musk, que lidera a empresa desde outubro passado. O Twitter não deu indicações sobre os motivos que levaram à suspensão das contas, nem sobre a sua duração.

Mas, o próprio Musk publicou uma série de mensagens a indicar que as contas envolvidas na divulgação na internet de informações pessoais sobre um indivíduo sem o seu consentimento serão suspensas e indicou que as regras se aplicam "aos jornalistas" "como a todos os outros".

Note-se que, depois de ter suspendido as contas que terão alegadamente violado a nova política da rede social, Elon Musk questionou os seus seguidores sobre se as mesmas deveriam ser reativadas. No entanto, devido a "demasiadas opções", o responsável decidiu que voltaria a fazer a sondagem mais tarde.

"Divulgaram a minha posição geográfica em tempo real, ou seja, literalmente as coordenadas que permitiam um assassínio, em violação direta (e evidente) das condições de utilização do Twitter", referiu Musk.

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"A suspensão impulsiva e injustificada de um determinado número de jornalistas, como Donie O'Sullivan da CNN é preocupante mas não é surpreendente", reagiu em comunicado a própria cadeia televisiva CNN.

"A instabilidade e a volatilidade crescente do Twitter é particularmente preocupante para quem utiliza a plataforma. Pedimos uma explicação ao Twitter e vamos reavaliar a nossa relação em função dessa resposta", acrescentou a CNN.

Por sua vez, um porta-voz do New York Times, Charlie Stadtlander, afirmou esperar que as contas dos jornalistas sejam restabelecidas e que o Twitter dê "uma explicação satisfatória".

Quando chegou ao Twitter, Elon Musk prometeu manter a conta @ElonJet, que seguia de forma automática dos movimentos do avião e que foi criada por um estudante, contando com 500.000 seguidores. Desde que comprou a plataforma por 44 mil milhões de dólares, o milionário tem enviado mensagens contraditórias sobre o que é autorizado ou não.