O site Escolho.EU tem poucos dias de vida mas já conseguiu uma atenção que cumpre um dos propósitos: informar os consumidores sobre opções de produtos e serviços europeus que são alternativas viáveis a marcas “a evitar”.

Maria João Nogueira, conhecida como Jonas Nuts, explica ao SAPO TEK que a ideia surgiu quando conversava com a Ana Godinho. “Ambas trabalhamos em Comunicação, somos atentas à atualidade e acompanhamos a política norte americana. Assim que nos apercebemos do que por aí vinha, surgiu a vontade de fazer algo”.

A escolha de abandonar algumas marcas e começar a investir mais noutras, europeias, começou por ser uma decisão pessoal, mas depois de várias conversas perceberam que havia mais pessoas com a mesma vontade de mudança e decidiram criar um site.

“Temos a noção clara de que hoje em dia, a forma como compramos, é uma forma de voto”, sublinha Maria João Nogueira.

Da intenção à concretização foi uma questão de trabalho, juntar pessoas com a mesma ideia, registar o domínio escolho.eu e criar a plataforma. Na lista de voluntários entraram a Isabel Nogueira, a Luísa Barbosa e o Rui Lourenço.

“Como não tínhamos nenhum geek na equipa, usámos uma plataforma de criação de sites e lojas, mais vocacionada para servir pequenos negócios (e para isso é ótima, a Jimbo.com - Alemã) e construímos ali o site, usando os recursos que a plataforma disponibiliza”, explica.

escolho.eu
escolho.eu

Agora que o site está no ar há 4 dias, “já tivemos ofertas de ajuda técnica que nos vão permitir migrar muito brevemente para uma plataforma mais adequada à dimensão deste projeto e ao que queremos continuar a fazer”. Mais categorias e  mais serviços fazem parte dos planos, até porque não falta material e os contributos têm sido às centenas.

Dinheiro não fica na Europa? Vai para a lista “a evitar”

No site os promotores do Escolho.EU deixam bem claro que o propósito da iniciativa é a liberdade de escolha.  “Não estamos aqui para criticar escolhas, mas para dar alternativas. Não somos contra nada - somos a favor da Europa. Queremos apenas informar e dar a conhecer opções europeias disponíveis e acessíveis em Portugal”.

E como se faz a seleção dos produtos e serviços a evitar? Maria João Nogueira detalha que “o critério usado para identificar os produtos e serviços a evitar, é simples e único: O €€€ fica na Europa ou vai para fora?”. Se for para fora, nomeadamente para os EUA, são adicionados à lista do que se deve evitar. “Começámos por identificar aqueles produtos e serviços que usamos habitualmente e depois fomos enriquecendo com os contributos que as pessoas nos foram mandando, depois do site ter sido lançado, às 16h00 de dia 09/03/25”.

Mesmo assim admite que nem sempre é fácil identificar o destino do dinheiro que é pago para comprar os produtos, ou assinar os serviços. “Uma marca até pode aparentar ser europeia, mas vamos investigando a hierarquia de ownership e acabamos numa holding americana”, justifica, adiantando que “temos aprendido muito, neste processo”.

“Eu por exemplo, estou ainda traumatizada, com o facto do Toblerone ser uma das marcas a evitar”, confessa Maria João Nogueira.

A lista das propostas alternativas também obedece a critérios, que são dois: o dinheiro tem de ficar na Europa e tem de ser um produto ou serviço disponível em Portugal. “Não serve de nada ter uma lista de todos os produtos europeus, se não nos estão acessíveis”, afirma, defendendo que as alternativas têm de ser fáceis e viáveis, ano nível de “chegar à prateleira de um supermercado olhar e dizer “esta não”, andar um metro e ter uma alternativa na hora”.

Apesar de ter já uma lista considerável de alternativas propostas no site, questionada pelo SAPO TEK sobre a possibilidade de ser difícil substituir produtos e serviços cuja utilização já está muito enraizada, Maria João Nogueira admite que “há casos em que a dependência é de facto grande e as alternativas ainda não cumprem os mínimos, sobretudo ao nível dos serviços digitais”.

Pode ser que com a viragem que obrigatoriamente vai ser feita, haja mais investimento, mais criação de produtos e serviços europeus que nos satisfaçam, e nos permitam optar, sem perder qualidade. Temos um bom ponto de partida”, destaca.

No seu caso pessoal diz que há poucas coisas que não consegue substituir. “Cada pessoa fará as escolhas que quiser e puder, e nem sequer precisa de ser tudo ao mesmo tempo. Há casos em que faz sentido uma transição gradual”, recomenda.

A ideia é que o site continue a crescer, com mais categorias e produtos alternativos, e os criadores da iniciativa estão abertos a sugestões a acrescentar para contribuir para uma decisão mais informada e livre.