Um estudo do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da VIDA (ISPA) revelou que os jovens portugueses que passam muito tempo em redes sociais sentem-se solitários, mesmo mantendo contacto físico com amigos. A investigação alinha-se com um inquérito feito em 2016 sobre a solidão digital, a utilizadores portugueses do Facebook, feito na Universidade Lusófona do Porto, que havia concluído que quem passa mais tempo na rede social, sente-se mais só, avança o Público. A publicação aponta também um outro estudo, desta vez feito a um público americano, referindo que passar mais de duas horas nas redes sociais duplicava a probabilidade de se sentir isolado.
No estudo feito à realidade portuguesa pelo ISPA e publicado na revista académica International Journal of Psychiatry in Clinical Practice, foram registadas entrevistas com 548 jovens em Portugal, com idades compreendidas entre os 16 e 26 anos, durante 2015-2016. O documento mostra que quando estão ligados online, a sua atividade principal é estar nas redes sociais.
Os investigadores afirmam que a solidão se mantém mesmo quando os jovens falam com amigos fisicamente, teorizando que a causa está na falta de riqueza sensorial das interações online. Será a forma como a comunicação online é feita que cria esse sentimento, segundo afirma o investigador Rui Costa ao jornal, destacando que nas raparigas o sentimento de solidão não se explicava por passarem menos tempo com os amigos.
Entre os tópicos do estudo questionados, os investigadores avaliaram a perceção de solidão dos jovens, e se esta era independente da falta de suporte social, seja a ausência de uma relação romântica, mau ambiente familiar ou não ter tempo para interagir cara-a-cara devido ao tempo que passam online.
Os resultados mostraram que 90,6 das jovens raparigas preferem as redes sociais e os rapazes 88,6%. O sentimento de solidão foi associado ao uso problemático de internet, independentemente da idade e indicadores de suporte social. Os investigadores chegaram à conclusão de que os mecanismos neurofisiológicos de reconhecimento de satisfação das relações sociais são baseadas em informações sensoriais e do feedback físico presente nas interações cara-a-cara. E esses mecanismos estão ausentes na comunicação online, ampliando o sentimento de solidão.
“Até agora pensava-se que a internet levava as pessoas a passar menos tempo a falar com amigos, levando-os à solidão. Mas agora podemos ver que é a própria internet que causa a solidão”, afirma o investigador à publicação.
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