Neste domingo, o Facebook foi acusado de repetidamente dar prioridade aos seus lucros, do que a tomar medidas para diminuir a desinformação e o discurso de ódio na rede social. A acusação surge de Frances Haugen, que trabalhou na empresa de Mark Zuckerberg como gestora de produto na equipa de desinformação cívica no Facebook, até maio de 2021.
A ex-funcionária do Facebook deu a cara no programa 60 Minutos, revelando-se como a responsável pelo fornecimento dos documentos que deram origem a uma investigação do Wall Street Journal, acionando uma audição no Senado sobre os efeitos negativos do Instagram nas adolescentes, avança a Reuters. Na entrevista, refere que houve conflitos de interesse entre o que era o melhor para os utilizadores e o que era melhor para os cofres da rede social. E vai mais longe, dizendo que a empresa por várias vezes optou por otimizar a plataforma para os seus interesses e lucros.
O jornal publicou artigos baseados em apresentações internas do Facebook e emails, que mostravam que a rede social contribuiu para o aumento da polarização online quando fez mudanças no seu algoritmo de conteúdos, que falhou a tomar ações para reduzir a hesitação das pessoas na vacinação e estava a par do efeito que o Instagram estava a ter na saúde mental das raparigas adolescentes.
Frances Haugen acredita que ninguém no Facebook tenha sido “malevolente”, mas que a empresa tem incentivos desalinhados. Vai ainda testemunhar no Senado numa audição dedicada à proteção online dos menores, sobre a investigação da empresa sobre o efeito do Instagram nos utilizadores mais jovens. Nas suas declarações ao programa, salientou que o Facebook mentiu ao público sobre o progresso que tinha feito na redução do discurso de ódio e desinformação na sua plataforma.
Acrescentou que o Facebook foi utilizado na ajuda à organização das invasões ao Capitólio em janeiro, depois da empresa ter desligado os sistemas de segurança, depois das eleições presidenciais dos Estados Unidos. A ex-funcionária diz que o Facebook sabia que os seus algoritmos e plataformas promoviam este tipo de conteúdo, mas falhou em lançar contramedidas duradouras ou recomendações internas. Disse ainda que o Facebook descobriu que, se mudasse o algoritmo da plataforma para ser mais segura, as pessoas passavam menos tempo no website, clicando menos vezes nos assuntos, o que significava ganhar menos dinheiro.
Em declarações à CNN, Nick Clegg, vice-presidente do Facebook para assuntos globais, disse que era ridículo pensar que os eventos no Capitólio do dia 6 de janeiro aconteceram por causa das redes sociais. Outra porta-voz do Facebook, Lena Pietsch, reforça que sugerir que a plataforma incentiva ao conteúdo negativo sem fazer nada não é verdade, salientando que continuam a ser feitas melhorias para combater a desinformação e conteúdo nocivo.
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