A China continua a ser um território inóspito para a tecnologia ocidental, devido às políticas de censura e de embargos. Por muito que as gigantes tecnológicas tentem "instalar-se" em solo chinês, o governo é irredutível a defender as suas empresas. E veja-se que ainda na semana passada o Facebook anunciava a criação de uma subsidiária chinesa, para dois dias depois ver negada a mesma.
Surgiram documentos que dão conta da Google estar a trabalhar numa versão do seu motor de pesquisa para a China, mas com elevado nível de censura. Há uma lista negra de websites que estão impedidos de aparecer nos resultados, assim como a identificação de certos termos na pesquisa. Segundo o portal The Intercept, não será possível procurar termos relacionados com os direitos humanos, a democracia, a religião e protestos.
Segundo os documentos, o motor de pesquisa, que tem o nome de código Dragonfly, está a ser produzido desde a primavera de 2017, e estima-se que seja lançado nos próximos seis a nove meses. Tal como mandam as regras do país oriental, a Google tem um parceiro chinês que permanece no anonimato.
Segundo as informações, para já ainda só existe uma versão Android do motor de pesquisa e está sincronizado com a famosa “Great Firewall”, o sistema de censura chinesa, que impede a procura de informações sobre a liberdade de expressão, oposição política e mesmo referências de eventos históricos específicos ou livros que exponham negativamente os governos autoritários, como por exemplo "1984" de George Orwell. Os conteúdos banidos são simplesmente removidos dos resultados das pesquisas da Google, sejam textos, imagens e outros conteúdos.
Não é a primeira vez que um motor de pesquisa da Google funciona na China. Entre 2006 e 2010 existiu uma versão censurada da tecnologia, tendo gerado grandes críticas dos Estados Unidos pela cumplicidade da tecnológica com as políticas autoritárias chinesas. Em 2010 a empresa acabou por abandonar o projeto, no rescaldo de poderosos ciberataques oriundos da China a várias empresas do sector tecnológico, deixando notas de que a Google não seria complacente com as regras do totalitarismo.
Com uma quota de mercado de 80% de utilizadores Android na China, e tendo em conta que 95% das pessoas utilizam smartphones para aceder à internet, o “chamamento” parece ser forte de mais para ignorar os cerca de 750 milhões de utilizadores de internet. E a Google parece ter mudado de ideias para voltar a introduzir o seu motor de pesquisa na China.
A Google sempre defendeu uma política “Don’t Be Evil” (Não Sejas Mau), mas recentemente decidiu eliminar o slogan da sua documentação oficial quando a tecnológica assumiu o compromisso com o Pentágono para um projeto militar, despoletando um rebuliço interno, com os técnicos e engenheiros a recusaram-se a trabalhar no chamado “negócio de guerra”.
Por fim, o documento refere que a introdução do novo motor de pesquisa da Google ainda depende de dois fatores essenciais: a aprovação final do governo chinês, e a capacidade da aplicação conseguir ser uma alternativa melhor que o Baidu, o motor mais utilizado na China.
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