Começou como creative copywriter, passou por uma startup e hoje é supervisor criativo numa agência de publicidade, mas pelo meio começou uma aventura pelo mundo da criação de conteúdo, com foco na tecnologia que, aliás, sempre foi uma das suas grandes paixões.

Ao SAPO TEK, Martim Calado relembra os tempos de juventude, altura em que a tecnologia já era uma preferência. “Desde miúdo que adoro tecnologia. Lembro-me que quando tinha sete ou oito anos sabia de cor os folhetos da Phone House. Decorava as especificações todas!”. 

O fascínio pelos telemóveis e pelo universo da tecnologia continua bem vivo ainda hoje, aliando-se ao interesse por outras áreas, como o gaming, que tem gostado cada vez mais de explorar, afirma o criador de conteúdo.

Para Martim Calado, tudo começou no YouTube, embora ainda sem um canal próprio. O concurso YornTubers da Yorn, que venceu em 2019, ajudou-o a dar o “salto” e a experimentar a criação de vídeos em seu nome na plataforma.

“Foi muito intenso, num período de quatro a cinco meses foi duro sair de forma completa da zona de conforto, porque só tive um desafio de tecnologia”, conta. Mas todo o esforço compensou e, ao vencer o concurso, teve a oportunidade de viajar para Los Angeles, nos Estados Unidos, e de ter formação no YouTube.

Os conhecimentos que adquiriu, em combinação com o alcance que o concurso lhe proporcionou, motivaram-no a avançar. “Depois comecei por mim próprio a fazer o meu canal de YouTube”, afirma, acrescentando que hoje há ainda quem lhe pergunte no TikTok se é mesmo o Martim do YornTubers.

#ILikeYouLike | Martim Calado

Embora o YouTube já não seja a rede social onde o seu projeto tem mais expressão, Martim encontrou no TikTok novas oportunidades para a criação de conteúdo, desta vez em formato mais curto, mas também uma comunidade mais próxima.

“Houve uma fase em que foi difícil desenvolver para o YouTube”. Para o criador de conteúdo era frustrante ver como todo o trabalho que tinha, com dias inteiros passados a produzir vídeos, não conseguiam alcançar os resultados esperados. A solução? “Deixar” o YouTube, pelo menos no formato de vídeos mais longo.

O conteúdo ‘short form’, popularizado pelo TikTok, é onde está a apostar com mais força e é com ele que pretende revitalizar a sua presença na plataforma de vídeos da Google, “precisamente porque o tempo exigido para fazer long-format não compensa face aos resultados que se possa retirar de lá”.

“O tempo das pessoas é limitado e hoje o que nós fazemos enquanto criadores de conteúdo é competir pelo seu tempo”, afirma Martim Calado.

“Cada caso é um caso”, mas, para a maioria dos criadores de conteúdo este é o impacto causado pelas mudanças nas plataformas e redes sociais. “Está a haver uma grande mudança do long-format para o short-format” e quem não se adaptar acaba por perder terreno na corrida.

O lema do “adapt or die” também se aplica às próprias plataformas, se bem que sinta exista alguma confusão nas suas abordagens. “As plataformas deviam saber qual é o seu lugar. Ao tentar ser tudo estão a deixar a essência que as fez crescer”, realça.

Apesar disso, o TikTok é uma “casa” onde se sente acolhido pelos seguidores. “É uma comunidade muito mais próxima. De todas as redes, até agora, tem sido a minha favorita”.

A dinâmica que é possível entre criadores de conteúdo e seguidores no TikTok é outro dos aspectos que motiva essa preferência. Na sua visão, a capacidade de responder com vídeos facilita as interações com um público alargado e cria mais proximidade, além de permitir gerar mais conteúdo relevante para quem está a acompanhar.

Será que o seu lado mais publicitário influencia a forma como cria conteúdo? Para Martim acontece exatamente o oposto. “O meu lado de criação de conteúdo é que me influencia o lado da publicidade”.

“Eu adorava a publicidade antiga. Hoje acho que é, no geral, um bocado intrusiva e eu acredito que a publicidade tem de ser entretenimento”, afirma, acrescentando que esta é uma das linhas que guia o seu trabalho, seja na agência, mas também na criação de conteúdo.

À medida que as plataformas evoluem, acompanhando as tendências do público, Martim não se limita nas áreas a explorar e, mais recentemente, tem olhado com interesse para as transmissões ao vivo.

Os upgrades feitos ao seu setup, num processo documentado através do seu conteúdo, são “precisamente para poder começar a fazer lives”, mas numa abordagem mais relaxada. “Se há cada vez mais pessoas a ir para lives, convém explorar esse ramo também”.

“É uma forma de sair da minha zona de conforto”, afirma. “Uma coisa é estares a gravar para uma câmara. Se te enganares, podes voltar a gravar e não há problema. Em lives já é diferente. Já te obriga a ter uma outra preparação e também te obriga ser mais genuíno”.

A criatividade é fundamental para o que faz, mas Martim não olha para a “folha em branco” como algo necessariamente assustador. “A ‘folha em branco’ não é um bicho papão, pelo contrário, é uma forma de inspiração, porque faz com que tu possas fazer tudo o que queiras fazer”.

Acredito que a criatividade é um músculo. E da mesma forma que tu vais ao ginásio treinar, se treinares a criatividade todos os dias, vais acabar por eventualmente ser criativo”, enfatiza.