É mais uma decisão a juntar à polémica que tem envolvido responsáveis e associações de imprensa contra a Google um pouco por todo o mundo: a Associação Nacional de Jornais do Brasil (ANJ), que representa cerca de 90% dos jornais diários brasileiros, anunciou a decisão dos seus associados de retirar a sua presença do serviço Google News, bem como de proibir a publicação das suas notícias naquele agregador online.


A informação foi dada pelo responsável máximo da ANJ, Carlos Fernando Lindenberg Neto, com o argumento de que a publicação das notícias de jornais brasileiros no Google News não está a ter os resultados que os meios esperavam.


"O Google News não nos ajuda a aumentar a audiência dos jornais, pois ao dar as primeiras linhas, reduzem as possibilidades dos internautas lerem no link a história completa nos jornais", justificou Lindenberg Neto, numa entrevista ao Instituto Knight Center para o Jornalismo das Américas da Universidade do Texas, citada pelo jornal Correio do Estado.


A decisão agora tomada surge como resultado do acordo celebrado entre a ANJ e o Google em 2010, que previa a publicação de uma linha de cada notícia no serviço Google News, de modo a atrair tráfego para os sites das respetivas publicações. De acordo com o responsável da Associação Nacional de Jornais, a medida não terá sido suficiente para atingir esses objetivos, o que levou os jornais membros desta associação à decisão de sair do serviço.


Google ameaça jornais franceses

Em sentido contrário vai um decisão da Google divulgada ontem pela agência France Press e que teve eco na CNN, relativamente a uma alegada ameaça que a Google terá feito ao governo francês sobre a retirada dos sites de notícias daquele país no motor de pesquisa.


De acordo com a CNN, a Google terá reunido na passada sexta-feira com as autoridades francesas, de modo a chegar a um entendimento relativamente a esta ameaça, feita na sequência do anúncio de um plano do governo de Francois Hollande, que prevê a obrigatoriedade dos motores de busca passarem a pagar pelas notícias e artigos listados nos resultados das pesquisas.


A mesma fonte refere que os responsáveis dos jornais franceses concordam com a medida, defendendo que as suas receitas e os direitos de autor ficam comprometidos quando a Google usa essas notícias nas suas pesquisas.


O gigante norte-americano, por sua vez, defende que esta lei poderá ameaçar a sua própria existência, alegando que gera cerca de 4 mil milhões de cliques mensais redirecionados para esses sites, o que corresponde entre 60% e 70% do respetivo tráfego.


Os novos casos do Brasil e de França reabrem assim uma polémica que se arrasta há vários anos com a Google, relativamente à utilização de notícias de meios de comunicação social nos serviços de notícias Google News.


Além do governo francês, a CNN refere que também o governo alemão estará a ponderar a criação de uma lei semelhante. E já em julho passado um grupo de jornais belgas, que enfrentou a Google na justiça por razões semelhantes, acusou a empresa de estar a retirar links do serviço de notícias e do próprio sistema de indexação da Google.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico