Corria o ano de 2010 quando o nome de Julian Assange começou a fazer capas de jornais. O australiano, responsável pela fundação do WikiLeaks, publicou a 25 de julho desse ano mais de 90.000 documentos confidenciais sobre a guerra no Afeganistão que comprovavam a tortura e morte de milhares de civis em incidentes não relatados publicamente.

Três anos depois Edward Snowden seguiu um caminho semelhante ao revelar um esquema de espionagem e vigilância digital internacional montado pela agência governamental norte-americana, NSA.

Ambos os casos são conhecidos do grande público e resultaram em acusações judiciais que mantêm estes homens exilados há já vários anos, uma situação que, aparentemente, tanto Snowden como Assange querem resolver, de uma forma ou de outra, num futuro próximo.

Esta quinta-feira, a WikiLeaks comunicou através do Twitter que o seu fundador estaria disponível a entregar-se às autoridades norte-americanas mediante a garantia de um perdão a Chelsea Manning, uma das fontes que ligou a organização a vários documentos militares confidenciais.

"Se Obama garantir clemência a Manning, Assange aceitará a prisão norte-americana em troca - apesar da sua clara ilegalidade," pode ler-se num dos tweets publicados esta quinta-feira.

A ex-militar, condenada em 2013 a 35 anos de prisão por fornecer informações confidenciais à WikiLeaks, foi recentemente hospitalizada após uma tentativa de suicídio, deu início a uma greve de fome já durante este mês de setembro e encontra-se encarcerada numa unidade solitária por tempo indeterminado.

Julian Assange, por sua vez, encontra-se viver na embaixada do Equador em Londres desde 2012 e enfrenta acusações de violação interpostas pelo governo sueco pelas quais o australiano deverá responder no próximo dia 17 num interrogatório que deverá ser conduzido por um procurador equatoriano.

Quanto a Edward Snowden, que se encontra há três anos exilado em Moscovo, o perdão poderá ser garantido até a janeiro do próximo ano.

Numa entrevista ao The Guardian, o norte-americano considerou que ajudou o seu país com uma atitude "que se for vista de uma perspetiva moral e ética [...] parece ser essencial".

"Sim, existem leis que dizem certas coisas, mas é talvez por isso que existe o poder de atribuir o perdão — para as exceções, para as coisas que parecem ilegais em letras numa página", disse Snowden.

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Apesar da "causa Snowden" ter inúmeros apoiantes de renome (Bernie Sanders, Susan Sarandon, Noam Chomsky), o governo norte-americano parece não vergar aos vários pedidos que já lhe foram endereçados. O ano passado, por exemplo, a Casa Branca chegou a rejeitar discutir uma petição com mais de 150.000 assinaturas para que Snowden fosse perdoado.

Neste momento, várias vozes se voltam a erguer para pedir a Barack Obama que termine o seu mandato do lado certo da história.

"Snowden deveria, na minha opinião, ser recebido em casa com louvores pelo seu serviço ao país" defendeu Chomsky.