Foi anunciado, pela alemã Fraunhofer Heinrich Hertz Institute, um novo codec de vídeo que promete reduzir para, pelo menos metade, a quantidade de dados utilizados por conteúdo. A tecnologia esteve em desenvolvimento durante vários anos e contou com o know-how de alguns dos maiores nomes da indústria.
Na prática, até o efeito imediato mais comum vai beneficiar um largo grupo de utilizadores, uma vez que este formato vai permitir às pessoas assistir a vídeos com uma resolução superior, mas sem gastarem tantos dados e através de ligações com velocidades inferiores. Isto pode significar que o próximo episódio da sua série preferida já não vai parar a meio para carregar.
Os especialistas escrevem que isto pode ajudar as plataformas de streaming a oferecerem conteúdos em 8K, embora as empresas ainda possam demorar alguns anos a consegui-lo.
Este novo codec é conhecido por H.266, ou Versatile Video Coding (VVC). A instituição alemã confirmou que este formato também é fruto do trabalho da Apple, Microsoft, Qualcomm, Ericsson, Intel e Huawei, que estiveram envolvidas no desenvolvimento da tecnologia.
A organização, sediada em Berlim, espera que, num futuro próximo, os smartphones possam já gravar e reproduzir filmagens neste formato. Contudo, o formato vai obrigar o sector a desenvolver novos chips que comportem esta tecnologia.
Tecnicamente falando, é importante sublinhar que este novo H.266 precisa de apenas metade do bitrate do padrão atual (H.265) para transmitir exatamente o mesmo conteúdo. Para colocarmos isto em termos práticos, podemos indicar que este novo codec precisa de apenas 5GB de dados para transmitir um filme de 90 minutos, em 4K - qualidade que o codec antecessor só conseguiria transmitir com 10GB de dados.
Isto significa, não só, que poderá fazer streaming de conteúdos de resolução superior com ligações mais lentas à internet, como poderá também armazenar os mesmos vídeos em metade do espaço que precisa hoje para o efeito. A realidade virtual também poderá beneficiar com este novo codec, nomeadamente no aumento da resolução dos vídeos transmitidos em 360 graus para os headsets, o que, idealmente, tornará mais realistas, as experiências vividas nestes aparelhos.
Note que apesar de a invenção ser altamente benéfica para a indústria e para os consumidores, a verdade é que nada obriga as tecnológicas a integrá-la nos seus produtos. A Google, por exemplo, usa o VP9 para codificar vídeos para o YouTube, isto por conta das taxas de licenciamento que vêm com a utilização da tecnologia.
Em conversa com a BBC, Ben Wood, da consultora CCS Insight, explica que o verdadeiro desafio dos novos codecs é convencer a indústria a adotá-los. "Para ser bem-sucedido, um codec tem de beneficiar de uma adoção em massa, por parte dos nomes mais importantes da indústria. E decidir suportar um codec pode ser quase uma decisão religiosa", afirma.
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