A maioria dos utilizadores raramente pensa na complexa infraestrutura física que mantém a Internet a funcionar. Embora seja comum imaginarmos os dados a fluir pelo ar ou através de redes de satélites, a realidade é que cerca de 99% do tráfego global de comunicações viaja por uma vasta e vulnerável rede de cabos de fibra ótica que repousam no fundo dos oceanos.

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Recentemente, a Bloomberg publicou um artigo de opinião de James Stavridis, um ex-almirante da Marinha dos EUA e ex-Comandante Supremo Aliado da NATO, que veio lançar um sério alerta sobre a segurança destas infraestruturas, a de que os cabos submarinos podem estar em apuros e a situação é mais crítica do que aparenta.

A vulnerabilidade desta "espinha dorsal" da Internet não é uma novidade absoluta, mas o cenário tem vindo a agravar-se substancialmente ao longo de 2025. A análise deste colunista destaca que a arquitetura atual da rede global depende excessivamente de rotas específicas e pontos de estrangulamento geográficos.

Mapa Cabos Submarinos 2025
Mapa Cabos Submarinos 2025 Mapa com todos os cabos submarinos existentes em 2025, segundo a "Submarine Cable Map".

Incidentes recentes, como os cortes de cabos no Mar Vermelho e atividades suspeitas no Mar Báltico, demonstraram como é relativamente fácil perturbar a conectividade intercontinental, seja através de atos deliberados de sabotagem, seja por acidentes marítimos comuns, como o arrastamento de âncoras por navios mercantes.

Para além dos riscos físicos imediatos, existe uma dimensão geopolítica cada vez mais preocupante. O artigo sublinha que as tensões entre grandes potências, nomeadamente envolvendo a Rússia e a China, transformaram estes cabos em potenciais alvos estratégicos.

Mapa mostra todos os cabos submarinos que “ligam” o mundo
Mapa mostra todos os cabos submarinos que “ligam” o mundo
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A dependência de um modelo de conectividade que muitas vezes centraliza o tráfego em "hubs" específicos cria pontos únicos de ataque que, se atingidos, poderiam isolar regiões inteiras ou causar danos irreparáveis à economia digital global. Nos Estados Unidos, a preocupação já levou à proposta de legislação específica, como o "Strategic Subsea Cables Act of 2025", numa tentativa de proteger estas artérias digitais de ameaças estrangeiras.

A reparação destas infraestruturas é, por si só, um desafio logístico de enorme complexidade. Ao contrário de uma antena que pode ser rapidamente arranjada, a reparação de um cabo submarino exige o destacamento de navios especializados, que podem demorar semanas ou meses a chegar ao local e a concluir as operações, especialmente em zonas de conflito ou de difícil acesso.

Num mundo onde a inteligência artificial e a economia em tempo real exigem latência mínima e largura de banda massiva, o alerta deste artigo da Bloomberg relembra a necessidade urgente de governos e empresas tecnológicas diversificarem rotas e investirem na redundância, tratando estes cabos não apenas como ativos comerciais, mas como infraestruturas críticas de segurança nacional.

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