Além da reunificação dos serviços prestados ao cidadão e à empresa, as grandes novidades do Portal passam por uma reformulação total do design e da apresentação de conteúdos - a plataforma passa a estar centrada num motor de pesquisa que é a porta de entrada para os mais de 1.000 serviços indexados.



Bárbara Rosa dos Santos, vogal do conselho de administração da AMA, explica que a dispersão e redundância da informação, a dificuldade de lhe aceder e a falta de adaptação do Portal às novas plataformas móveis estiveram entre as principais razões para avançar com a remodelação destas duas montras para o portefólio de serviços do Estado.



Do ponto de vista tecnológico, o facto de a plataforma de suporte aos dois portais estar já obsoleta e sem suporte também pesou na decisão.
A reestruturação acabou por ditar uma mudança de estratégia na forma como são disponibilizados/mostrados os serviços públicos que se dirigem ao cidadão e à empresa. O Portal do Cidadão já tinha reunido toda a oferta, mas há alguns anos as empresas foram autonomizados num portal próprio.



Uma das razões para a mudança de estratégia, explica Bárbara Rosa Santos, foi a constatação de que 40% dos conteúdos existentes numa e noutra plataforma estavam duplicados. A gestão eficiente de recursos também pesou na decisão, mas terá sido mais relevante a intenção de seguir as melhores práticas internacionais, garante a responsável: os países que mais se destacam no ranking de governo eletrónico das Nações Unidos (Coreia do Sul, Holanda e Reino Unido) seguem um modelo de plataforma única.



Em 2014 o Portal do Cidadão - originalmente lançado em 2003 - recebeu 11,5 milhões de visitas, enquanto o Portal da Empresa - que nasceu dois anos depois - somou 16,5 milhões de visitas. Em conjunto, as duas plataformas somam pouco mais de um milhão de utilizadores registados, números que o Governo espera aumentar criando um site mais fácil de usar e acessível também através de plataformas móveis.



A partir do novo Portal do Cidadão ficam disponíveis cerca de 1.500 serviços, boa parte dos quais transacionais - que podem ser realizados online. Os números totais não estão apurados, mas uma análise feita pela AMA permitiu apurar que, numa amostra de 1.154 serviços disponíveis, 604 são transacionais.



Os serviços mais usados nos dois portais são os pedidos de certidões (1,7 milhões no ano passado) e a alteração de morada, com 330 mil pedidos registados em 2014.

O novo Portal do Cidadão foi desenvolvido sobre a plataforma open source Life Ray. A pesquisa é assegurada pelo Microsoft Fast, o único software proprietário envolvido no projeto, destaca a administradora AMA. O desenvolvimento da plataforma tecnológica foi da responsabilidade da Accenture (selecionada a partir de um catálogo de fornecedores pré-habilitados a vender ao Estado via acordo-quadro, entre sete propostas apresentadas) e custou 70,9 mil euros, um valor comparticipado em 41,7% por fundos comunitários.



A nova versão do Portal do Cidadão deve ficar acessível por volta das 18 horas desta quinta-feira. Os próximos passos na evolução da plataforma passam por fazer crescer o número de guias disponíveis, para ajudar os cidadãos e empresas a navegar no portal e a usarem os serviços públicos, mas também por adotar sistemas de autenticação única, que permitam que, uma vez autenticado no portal, o cidadão não precise de voltar a introduzir senhas de acesso para aceder aos serviços online a que o Portal dá acesso.



A intenção é implementar este sistema de autenticação única com os organismos cujos serviços online são mais utilizados: Instituto de Registos e Notariado; Autoridade Tributária; Segurança Social, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Instituto da Mobilidade e dos Transportes.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira