“Vamos criar sete Digital Innovation Hubs ligados com a cibersegurança, um em cada NUTS II, para ligar a procura e oferta de cibersegurança nas regiões”, afirmou António Gameiro Marques no Fórum Cibersegurança, referindo-se às cinco NUTS II no continente - regiões Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa (AML), Alentejo e Algarve - e às duas regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
O diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança, um dos oradores do painel sobre cibersegurança no setor financeiro do encontro, lembrou que uma das tarefas do Observatório de Cibersegurança é a de avaliar como a sociedade está a reagir à implementação das políticas públicas e das iniciativas associadas à estratégia nacional de segurança no ciberespaço.
Uma das perspetivas dessa avaliação é a da cibersegurança económica, explicou, adiantando estar a ser produzido, para ser publicado “provavelmente até ao fim” deste mês, um relatório do observatório produzido no final de 2021, com dados de 2020, para apurar, nomeadamente, como é que as empresas de Portugal “olham” para a cibersegurança, em termos de investimentos e consoante a maturidade.
“Nota-se, por exemplo, que as empresas que produzem alto valor acrescentado têm uma maturidade em cibersegurança muito mais elevada do que as outras que não produzem produtos de alto valor acrescentado”, afirmou.
António Gameiro Marques precisou que, relativamente aos seguros, o relatório concluiu que as empresas de alta maturidade exigem, numa lógica de ‘business to business’, que o parceiro de negócio tenha um seguro que cubra o risco de cibersegurança.
Uma segunda perspetiva abordada pelo relatório, além dos investimentos consoante a maturidade, é o de retratar o mercado das empresas de cibersegurança em Portugal.
“Em 2020, o mercado de cibersegurança em Portugal valia 130 milhões de euros… não é muito”, considerou, corrigindo tratar-se de um valor grande, mas que, na verdade, é “pouco” face ao que se investe em Portugal em tecnologias de informação.
Sobre empregos na área da cibersegurança, o diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança admitiu haver uma “procura enorme”, referindo que todos os anos as empresas procuram profissionais de cibersegurança mas com alguns anos de experiência.
“Nós procuramos [para dar formação nesta área] sobretudo jovens à saída da universidade, porque temos a noção que somos em termos salariais competitivos. E depois investimos muito neles em formação”, contou, explicando que esses formandos assumem um compromisso com o Estado para amortizar em três anos essa formação e, se saírem antes desse período, têm de pagar uma indemnização ao Estado, pela formação que receberam.
“Mas, de qualquer maneira, eles saem [antes do tempo]. E, de qualquer maneira, pagam as indemnizações. Na minha perspetiva é bom, para eles e para o país, porque estamos a colocá-los no mercado de trabalho. Só que, na maioria dos casos, não tem sido em empresas portuguesas, tem sido em empresas que não são portuguesas embora estejam em Portugal”, precisou.
Lembrando que muitas multinacionais tecnológicas têm instalado em Portugal centros de cibersegurança e centros de inovação e tecnologia, Gameiro Marques contou que os jovens “são aliciados para auferir o dobro” que estão a receber e que, em média, são atraídas cerca de seis pessoas por ano, o que considerou "um peso grande".
O diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança adiantou que estas formações em cibersegurança abrangem profissionais de várias áreas, e não só tecnológicos, nomeadamente sociólogos ou psicológicos, por uma questão comportamental: “Porque temos de traduzir a linguagem hermética [de difícil compreensão] dos tecnológicos em linguagem que toda a gente perceba e isso é muito importante porque toda a componente de formação e de capacitação de toda a sociedade é absolutamente fundamental”, concluiu.
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