Diogo Vasconcelos, gestor da UMIC avançou no primeiro Fórum de Lisboa para a Sociedade da Informação que ao longo da próxima semana será escolhida a entidade responsável pela realização de um estudo sobre o Acesso de Qualidade na Utilização do Wi-Fi em Redes Públicas.



Num painel subordinado ao tema Iniciativa Nacional para a Banda Larga, o responsável avançou igualmente que a generalidade das universidades e institutos superiores apresentaram candidaturas no âmbito do projecto Campus Virtuais. Destes, 41 projectos (correspondentes a 85 por cento da população universitária) foram já analisados, pelo que até ao final do ano deverão estar disponíveis as respectivas redes wireless. "A disponibilização de serviços e conteúdos deverá ocorrer ao longo do próximo ano", explicou.



O objectivo final é criar cerca de 200 nuvens de wi-fi e 4500 pontos de acesso uma meta que, a ser alcançada, permitirá a Portugal deter a maior rede wireless académica, a nível mundial.



À apresentação de Diogo Vasconcelos seguiram-se as participações dos operadores de telecomunicações com ofertas banda larga disponíveis no mercado. As critícas ao operador incumbente dominaram a sessão. Paulo Neves, responsável de marketing do grupo ONI falou sobre o que considera serem os principais entraves a uma adesão massiva da população aos serviços de banda larga. Segundo ele, "o preço do serviço ainda constitui um obstáculo, ao que se junta a falta de disponibilidade de uma rede de acesso adequada".



A intervenção de Paulo Bicudo, da Novis, seguiu a mesma linha com o responsável a apontar como principais desvantagens competitivas (para os novos players do mercado) o tempo de resposta que o operador incumbente consegue garantir ao cliente para fornecer o serviço, comparativamente ao tempo que um novo operador tem de esperar até poder oferecer o mesmo serviço - segundo ele uma média de 50 dias, em função de entraves burocráticos colocados pela PT. O responsável acrescentou ainda que os novos operadores pagam em média 100 euros por cliente à PT.



Pedro Leitão, administrador da PT Comunicações contrapôs estes dados com a apresentação de alguns números que, na interpretação do grupo, colocam Portugal numa posição extremamente confortável, face aos parceiros europeus. O responsável apresentou números relativos à penetração de ADSL e à cobertura geográfica do grupo para este serviço. Pedro Leitão argumenta que no cabo e no cobre a PT garante uma cobertura de 85 por cento da população.



O responsável avançou ainda que às ofertas já conhecidas quer para o mercado residencial, quer para o mercado empresarial deverão juntar-se " produtos que facilitem a utilização de serviços de Internet de banda larga a fatias da população que não disponham de computador". Sem querer desvendar pormenores, o administrador da PT garantiu apenas que o grupo está a trabalhar com alguns fabricantes no sentido de estudar uma forma de chegar a esta fatia do mercado.



No que se refere à Internet de banda larga, o encontro serviu também para focar a importância de tecnologias alternativas ao cabo e ao DSL - as mais comuns actualmente - como instrumentos fundamentais na cobertura de determinadas zonas, não só em Portugal como nos restantes países europeus com densidades populacionais mais irregulares. No âmbito do 6º Programa Quadro da União Europeia e com o objectivo de diversificar tecnologias, está a decorrer um projecto de investigação cujo o objectivo é testar uma nova tecnologia muito semelhante ao power line (que utiliza as linhas eléctricas) mas com menos impactos negativos noutros serviços fornecidos ao utilizador por frequência radioeléctrica.



Recorde-se que o power line surgiu há cerca de 10 anos e desde então foram feitas na Europa duas grandes experiências visando a sua utilização, uma no Reino Unido e uma outra na Alemanha. Para além do volume avultado de investimentos necessários, por forma a preparar as linhas tornando-as aptas a transmitir dados, estas experiências demonstraram que os níveis de interferência com as ondas de rádio dos televisores, por exemplo, degradavam a qualidade dos restantes serviços prestados ao utilizador.



Não obstante estes resultados, "a Comissão Europeia está empenhada em testar novas versões desta tecnologia para garantir que a sua fraca utilização não se deve a uma tentativa de bloqueio de novas ofertas mais competitivas, por parte dos operadores líderes de mercado noutras tecnologias", avançou Paulo de Sousa, membro da União Europeia na área das Tecnologias da Informação, também presente no evento.



Este responsável citou vários case studies europeus para dizer que "há muitas formas de chegar a um mesmo objectivo" e relembrou os objectivos do eEurope 2005 que Portugal tenta cumprir através de um plano de trabalho preparado e calendarizado pela UMIC. Entre estes objectivos contam-se a definição de uma estratégia para a banda larga até ao final de 2003 e extensão do serviço a 50 por cento da população até 2005.



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