Desde 2010, quando se realizou o primeiro Web Summit nos arredores de Dublin, os números foram sempre a subir, mas a pandemia de COVID-19 acabou por limitar a realização de muitos eventos de tecnologia e em 2020 a conferência organizada por Paddy Cosgrave teve de se remeter a um modelo puramente virtual. Este ano está de volta, em Lisboa, e vai contar com 40 mil pessoas, um número que ainda é condicionado pelas regras sanitárias.
Em entrevista ao SAPO TEK Paddy Cosgrave garante que há um grande entusiasmo sobre a conferência que começa já na próxima semana, a 1 de novembro, e que durante 4 dias vai voltar a fixa a atenção da comunidade de tecnologia e empreendedorismo em Lisboa.
“Esta é a maior conferência de tecnologia no mundo e em 2021 nenhuma outra tão grande ou importante vai acontecer, em parte por causa do timming. Tivemos muita sorte”, explica o fundador do Web Summit, reforçando que não teria sido possível ter um evento presencial em junho.
Para esta “sorte” contribuiu também o nível de vacinação em que foi atingido. “Portugal é o país mais vacinado do mundo, por isso é o mais protegido”, afirma, elogiando a capacidade que as autoridades tiveram de proteger a população. “Vamos ter um debate sobre Portugal e o sucesso da vacinação porque os números, comparados com outros países do mundo são incríveis”, justifica, dizendo que “é um exemplo fantástico de um país unido” enquanto noutros países na Europa a vacinação ainda não ultrapassa os 40% da população.
O nível de entusiasmo está alto, garante o fundador do Web Summit. “Vejo um grande nível de excitação, nos meus emails e nos tweets, porque durante quase dois anos as pessoas não se encontraram cara a cara”, defende. E não é só o networking e a troca de contactos que importa. “Temos tantos unicórnios, pré-unicórnios e startups que não existiam, ou quase não existiam, antes da pandemia, e ninguém as conhece”, sublinha, reforçando que “o Web Summit é sobre as empresas que ainda não conhecemos, e não tanto sobre as que todos conhecemos. As pessoas vêm para descobrir o futuro. É isso que entusiasma as pessoas e eu acho que juntar toda esta gente vai trazer um nível de energia, que nenhum de nós experimenta há muito tempo”.
Sustentabilidade, whistleblowers e criptomoedas entre os temas chave
Entre as muitas talks, em vários palcos e mais de 700 oradores, Paddy Cosgrave destacou na entrevista as três áreas mais importantes, a começar pela sustentabilidade. “Há um grande foco nos objetivos sustentáveis das Nações Unidas. Temos cerca de 200 startups nessa área, são um quarto das startups na pitch competition que estão focadas nos SPG”, explica.
Lembrando que o Web Summit já foi reconhecido como “o evento mais sustentável do mundo”, o CEO e co-fundador diz que há mais de meia década que a empresa trabalha para reduzir o uso de plástico e minimizar a pegada de carbono. “Na nossa geração, ou salvamos o Planeta ou destruímos o planeta […] todos os grandes eventos têm a responsabilidade de reconhecer que o grande desafio não é a moderação de conteúdos, é o ambiente”, afirmou durante a conversa com o SAPO TEK.
O destaque para os denunciantes (whistleblowers) continua a ser também uma das áreas de relevo no Web Summit e este ano Frances Haugen, que tem estado nas notícias pela forma como tem denunciado as práticas do Facebook, é cabeça de cartaz no evento em Lisboa. “Vai aparecer pela primeira vez em público no Web Summit, e isto não é o maior tema do mundo, mas é um dos maiores, porque afeta a democracia em todo o lado, a saúde mental dos jovens e de toda a gente”, sublinha Paddy Cosgrave. “Ela tem coisas importantes para dizer e acho que todos devemos ouvir”.
A evolução das criptomoedas, que já estão no alinhamento do cartaz desde 2010, volta a ganhar mais destaque e “o Web Summit vai começar e acabar com discussões sobre NFTs e os protocolos futuros para a web descentralizada”, explica.
Medidas de segurança reforçadas
Para entrar no Web Summit é preciso apresentar certificado de vacinação e teste de COVID-19 negativo, e Paddy Cosgrave explicou ao SAPO TEK que as medidas de segurança foram aprovadas pela DGS e a WHO, que deram luz verde à conferência, embora com limitação de participantes em função do espaço.
“Perguntaram-se se faria diferente. A minha visão e da minha equipa não é importante, é importante o que as autoridades e cientistas portugueses dizem”, justifica. “No nosso caso não vamos ter uma segunda opinião em relação às autoridades governamentais, nem aos especialistas, vamos fazer tudo o que é exigido. Penso que muitos danos foram feitos por pessoas no setor privado a expressarem as opiniões sobre o que devia ou não ser feito. Não é esse o meu papel”.
Estão previstos 40 mil participantes mas o CEO do Web Summit ainda não adianta quantos são portugueses e quantos são estrangeiros. Vamos ter os números na 2ª feira [..] acho que há mais participantes internacionais do que nas edições anteriores, vamos ver, porque muitos dos bilhetes de última hora são de portugueses, que não têm de reservar hotéis e aviões”.
Os números de expositores e empresas participantes não foram também divulgados, mas a organização promete detalhes para a próxima semana.
Eventos virtuais? “Não sou fã”
Apesar de ter reconhecido que em 2020 o Web Summit acabou por ser um sucesso, também nas circunstâncias em que aconteceu, Paddy Cosgrave garante que “não sou fã de conferências virtuais, sou honesto”.
A plataforma que a empresa desenvolveu no ano passado, afinando o software para um modelo virtual em pouco tempo, foi a base do sucesso da edição de 2020. “Quase nenhum dos grandes eventos em 2020 teve lugar porque não tinha software e houve um momento em que também receámos não conseguir fazer o web Summit, mas construímos o nosso software e foi possível e ajudou a promover Lisboa, deixou as pessoas muito cientes de que temos um evento em Lisboa”, explica. A Web Summit também está a licenciar a plataforma, que vai ser usada no CES 2022, como foi anunciado hoje, mas 99% das pessoas vão estar fisicamente em Lisboa na próxima semana.
“Não há bilhetes só virtuais. Há bilhetes”, afirma Paddy Cosgrave. “A minha convicção é de que para experimentar o Web Summit as pessoas têm de vir a Lisboa”.
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