Os investigadores, que partilharam as suas conclusões num artigo na revista científica Nature, analisaram um dataset com mais de 500 comentários, realizados num período de 34 anos, em oito plataformas, incluindo discussões no Facebook, Reddit e YouTube, mas também na USENET.

O estudo realça que existem preocupações crescentes sobre o impacto das redes sociais no discurso público e sobre a sua influência nas dinâmicas sociais, sobretudo quando se trata de toxicidade.

Neste contexto, os investigadores definem toxicidade como comentários rudes, desrespeitosos ou despropositados que são capazes de fazer com que alguém abandone uma discussão online.

A equipa de investigadores chegou à conclusão de que os padrões tóxicos identificados são comuns aos utilizadores independentemente da plataforma usada, do tópico em discussão e até da década em que a conversa decorreu.

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O estudo sugere que as discussões prolongadas são mais propensas não só a padrões de toxicidade, mas também a polarização. Além disso, os investigadores indicam que as interações tóxicas não são um factor que impede os utilizadores de participarem nas discussões.

Andrea Baronchelli, professor na City University of London e co-autor do estudo realça que a análise de múltiplas plataformas é fundamental para isolar padrões comportamentais genuinamente humanos, diferenciando-os de simples reações a ambientes online idiossincráticos.

O investigador indica que, em muitos casos, as atenções costumam estar centradas nas plataformas em si, passando a natureza humana para segundo plano. É por esse motivo que o estudo se apresenta como “um importante passo para mudar esta atitude”, afirma.

Em linha com Andrea Baronchelli., Walter Quattrociocchi, investigador na Universidade de Roma La Sapienza e também co-autor, afirma que “o estudo realça a importância fulcral da ciência de dados na análise e interpretação do comportamento humano online, confirmando que o comportamento tóxico é um aspecto profundamente enraizado nas interações digitais”.