A Google conseguiu um apoio importante para o plano em marcha, de substituir os cookies de terceiros por ferramentas alternativas no Chrome, que ajudem os anunciantes a direcionar a publicidade online de forma menos intrusiva.

O regulador britânico da concorrência (Competition and Markets Authority - CMA) aceitou os compromissos assumidos pela empresa, relativamente à forma como vai desenvolver e implementar os standards que vão suportar a nova Privacy Sandbox.

O aval da CMA significa que o organismo considera que estão garantidas condições para criar um sistema que respeite a concorrência, sem beneficiar o negócio de publicidade da própria Google. “Os compromissos que obtivemos da Google vão promover a concorrência, ajudar a preservar a capacidade dos anunciantes online ganharem dinheiro com a publicidade e salvaguardar os utilizadores”, assegura Andrea Coscelli, responsável máximo da CMA, numa declaração citada pelo The Verge.

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Nos compromissos assumidos inclui-se a transparência no desenvolvimento da nova plataforma, ou a partilha de resultados dos testes que forem sendo feitos, sendo que a aprovação do regulador, nesta fase, refere-se essencialmente à abordagem da Google ao tema, mais do que há forma concreta como a empresa a vai colocar no terreno, que continua a ser afinada.

Ainda recentemente, por exemplo, a companhia anunciou que em vez da polémica tecnologia FLoC, vai afinal usar outra, a Topics. A partir da Topics, o browser vai identificar um conjunto de tópicos específicos relacionados com os interesses do utilizador e tendo por base o seu histórico de navegação, ao longo de uma semana. Estes tópicos (mais de 350, onde se incluem temas sensíveis como a raça ou religião) serão sempre selecionados apenas no dispositivo do utilizador, sem recorrer a servidores externos, incluindo os da empresa, e serão atualizados a cada três semanas.

Para garantir que a gigante das pesquisas e da publicidade online se manterá no rumo certo nesta fase seguinte do projeto, a CMA também refere no comunicado que divulgou que vai continuar a “supervisionar a Google para assegurar que a Privacy Sandbox é desenvolvida de forma a beneficiar os consumidores”.

As intenções da Google nesta área, embora consideradas importantes para proteger a privacidade dos utilizadores, têm também sido vistas com desconfiança pelos anunciantes, com receio de esta ser uma forma de reforçar o poder da empresa no mercado da publicidade online.

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Foi na sequência destes receios que a CMA anunciou a abertura de uma investigação ao programa de transição anunciado pela Google, dos cookies de terceiros para uma nova Privacy Sandbox. A investigação começou há cerca de um ano e acabou por conduzir à colaboração direta com a Google, para ajudar a moldar os desenvolvimentos nesta área.

Os compromissos agora assumidos pela Google junto do regulador britânico, depois de aceites por esta autoridade, ganham poder vinculativo no país e a Google também já garantiu que vai aplicar as mesmas regras a nível global. A empresa assegurou ainda que não irá abandonar os cookies de terceiros até que o modelo proposto para o sistema alternativo satisfaça as preocupações da CMA, com o respeito pelas regras da concorrência. O plano da Google passa por eliminar os cookies de terceiros até 2023.