Alan Rusbridger diz ter recebido um telefonema de um alto responsável do governo, nunca o identificando, onde foi-lhe pedido que devolvesse os documentos a que o jornal tinha acesso. Os contactos foram feitos logo em meados de junho e apesar do "tom cordial", o editor reconheceu também um tom de ameaça no pedido.

"Não há necessidade de escrever mais nada", terá dito a figura que dizia estar em representação das intenções do primeiro-ministro britânico, David Cameron. Alan Rusbridger perguntou se caso os documentos não fossem entregues se o governo iria recorrer aos tribunais, hipótese que foi desde logo confirmada.

O editor do jornal ainda tentou demover o representante do governo ao dizer que a história estava a ser maioritariamente escrita a partir do Nova Iorque, nos EUA, onde as leis são diferentes. E que um dos repórteres principais do caso Snowden, Glenn Greenwald, está a viver no Brasil.

A pressão sobre o jornal não diminuiu e dois agentes da agência nacional de segurança do Reino Unido (GCHQ) presenciaram a destruição dos discos rígidos onde a informação estava armazenada. O momento, considerado como simbólico para os governantes britânicos, não teve grande efeito em Alan Rusbridger.

"Vamos continuar a reportar de forma paciente e minuciosa os documentos do caso Snowden, só não o vamos fazer a partir de Londres", escreveu o editor do The Guardian, dizendo ainda que as autoridades superiores não devem perceber nada da era digital.

Nas frases finais o editor faz uma reflexão sobre o que este caso tem representado para o jornalismo, dizendo mesmo que os tempos em que as fontes confidenciais vão deixar de existir estão próximos.

O relato do jornalista acontece pouco tempo depois de o namorado do repórter principal do caso NSA, o brasileiro David Miranda, ter ficado retido no aeroporto durante várias horas para interrogatório. O jornalista Glenn Greenwald já reagiu dizendo que vão haver mais revelações e mais agressivas.

Numa das últimas reportagens do The Guardian foi revelado que a NSA, durante a execução dos programas de espionagem, terá violado várias vezes a privacidade de milhares de utilizadores de serviços online.


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