A chamada “revenge porn” é uma prática que tem como objetivo humilhar alguém através da divulgação online de fotografias ou vídeos de cariz íntimo, que não teriam outro recetor que não a pessoa para quem foram primeiramente enviados.

Um estudo do Data & Society Research Institute, nos Estados Unidos, explica que a publicação destas imagens pode acontecer em vários contextos, seja fruto de um arrufo entre o casal romântico ou resultado de hacking.

Independentemente das circunstâncias, a divulgação destes conteúdos de natureza íntima, no âmbito da “revenge porn”, é feita sem o consentimento da pessoa visada nas imagens.

O centro de investigação avança que estes conteúdos são, por norma, acompanhados da identificação da vítima, exacerbando o potencial de humilhação pública.

Contudo, nem sempre as imagens são publicadas. Nestes casos, é usual utilizá-las para coagir a pessoa que nelas está representada a fazer alguma coisa contra sua vontade.

O centro de investigação aponta que um em cada 25 norte-americanos já foi vítima de “revenge porn” e que este fenómeno digital é fortemente mediatizado quando atinge celebridades.

Um dos casos mais retratados na comunicação social foi o da atriz norte-americana Jennifer Lawrence, cuja conta de iCloud foi hackeada em 2014, resultando na publicação de várias fotografias privadas da protagonista da saga Hunger Games.

Cerca de 3% dos cibernautas nos Estados Unidos afirmam já terem sido vítima de “revenge porn” e 2% admitem que já foram publicadas fotografias suas sem o devido consentimento.

Segundo consta, os membros do grupo etário dos 15 aos 29 anos são mais propensos a denunciar esta prática do que os mais velhos. As mulheres abaixo dos 30 anos de idades são o grupo etário mais visado, sendo que uma em cada dez já foi ameaçada com a publicação de imagens privadas.

Por outro lado, do grupo dos 18 aos 29 anos de idade é aquele onde a probabilidade de se registar o fenómeno de “revenge porn” é maior.

Mas, mostra a análise, é na comunidade LGB que esta prática é mais notória. Os números indicam que 15% dos cibernautas que se identificam como homossexuais ou bissexuais (face aos 2% que se identificam como heterossexuais) já foram ameaçados com a publicação de imagens privadas, enquanto 7% admitiu que essas ameaças foram concretizadas.

Embora sublinhe que não existe uma correlação provada, o Data & Society Research Institute  adianta que 43% das pessoas que foram vítimas de “revenge porn” afirmaram também ter sido vítimas de hacking.

Esta prática afeta inúmeros países, e Portugal não é exceção. De acordo com o jornal Público, em novembro, por ordem do Supremo Tribunal, um homem foi obrigado a pagar uma indeminização de 10.000 euros à ex-companheira por ter publicado imagens íntimas desta última sem o devido consentimento.