Em maio o WhatsApp admitia a existência de uma perigosa vulnerabilidade de cibersegurança no seu sistema, que permitia a instalação de spyware em smartphones, através de chamadas de voz. O código malicioso infetou dispositivos iPhone e Android, tendo sido transmitido quer o utilizador atendesse ou não a chamada realizada. Já na altura, em declarações públicas, a plataforma social apontava para uma empresa privada que colabora com governos para a distribuição de spyware capaz de controlar o sistema operativo dos telemóveis. E mesmo sem apontar nomes, a NSO Group, um grupo tecnológico israelita foi apontado como o responsável pelo hacking.
Após meses a investigar, o WhatsApp avança mesmo com uma queixa no tribunal federal de São Francisco contra o grupo israelita, por ajudar cerca de 20 governos mundiais em ações de hacking, tendo sido identificados o México, o Emirados Árabes Unidos e o Barém, avança a Reuters.
A acusação já foi negada pela NSO, que em declarações afirma que vai lutar contra as alegações feitas. “O único propósito da NSO é oferecer tecnologia para licenciamento dos serviços de inteligência governamentais e agências de policiamento para ajudar no combate ao terrorismo e crimes sérios”.
Nas acusações do WhastApp é referido que o malware utilizado nas chamadas de vídeo permitia aos clientes da NSO, sejam eles governos ou organizações de inteligência, espiar secretamente os telemóveis dos utilizadores, abrindo a sua vida digital ao escrutino oficial.
O WhatsApp foi ajudado pelo laboratório de investigação de cibersegurança, a Citizen Lab, na Universidade de Toronto, para investigar o hacking aos smartphones. A empresa referiu à Reuters que os alvos da lista incluem personalidades televisivas, assim como mulheres que estiveram envolvidas em campanhas de ódio e outras pessoas que foram vítimas de tentativas de assassinato e ameaças de violência.
Os especialistas realçam a “coragem” do WhatsApp em expor a situação em tribunal, pois por norma, os fornecedores dos serviços de comunicação tendem a afastar-se das investigações, com medo de “abrir a capota” à descoberta dos seus segredos relacionados com a segurança digital. “É uma medida sem precedentes”, refere o advogado Scott Watnik em declarações à Reuters.
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