O tema dos conteúdos está no centro do debate do Estado da Nação que todos os anos marca a última tarde do Congresso das Comunicações. Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom, reiterou no evento as críticas às dificuldades impostas pela Zon no acesso, em condições competitivas, aos conteúdos que alimentam as ofertas de TV paga.

Rodrigo Costa refutou as acusações e garantiu que a empresa nunca manteve uma política de negação de acesso aos conteúdos. "Tratamos os nossos concorrentes com respeito porque também são nossos clientes", sublinhou o presidente da empresa, que resultou de um spin off da Portugal Telecom. O responsável assegurou ainda que muitos dos contratos - de acesso a conteúdos - hoje em vigor "foram assinados por quem hoje é nosso cliente" e afirmou não entender as contas da PT relativamente ao peso dos conteúdos pagos à Zon, que nas suas contas seriam superiores às receitas geradas na sua empresa de conteúdos, responsável pela gestão do negócio.

A PT concretizou as acusações e garantiu que o problema não está apenas ao nível do acesso a conteúdos, no sentido de conseguir ou não comercializar canais da empresa, mas também na forma como estes ficam disponíveis para comercialização aos concorrentes. "O tema não é só de acesso, os preços são um factor fundamental", defende Bava.

A PT assegura pagar anualmente à Zon uma factura de conteúdos de 34 milhões de euros, o que significa que um terço da factura total de conteúdos é "paga a um concorrente directo", continua, acrescentando que o valor tem impacto na capacidade de desenvolver ofertas competitivas.

A troca de acusações ainda focou outros aspectos, com Rogrigo Costa a questionar a capacidade da PT para num curto espaço de tempo ter conseguido captar uma quota de 22 por cento no mercado de TV paga, dados apresentados esta semana pela empresa, tendo em conta a dificuldade de acesso a conteúdos e a assegurar que não é, entre as duas empresas, a que tem mais canais exclusivos, comparativamente à oferta da outra. A Zon tem 35 canais que a PT não tem e a PT terá 39 canais que a Zon não disponibiliza, tinha já detalhado um outro responsável da empresa durante a manhã.

O tema dos conteúdos já durante a manhã tinha sido discutido no Congresso, no painel dedicado à regulação, com os concorrentes da Zon, sobretudo a PT, a defender que a Anacom deveria ser chamada a regular também esta área.

No Estado da Nação a Zon também negou, mais uma vez, a hipótese de fusão com a Sonaecom. Rodrigo Costa reiterou que a empresa vai analisando as oportunidades de negócio que lhe vão surgindo, mas que não tem mantido conversas com a Sonaecom sobre esse tema. "O tempo dirá o que vai acontecer", disse Rodrigo Costa, assegurando que, por agora, o tema não ocupa o seu dia-a-dia.