Mais de 650 milhões de euros do PRR são destinados à digitalização, um valor que chega a 850 milhões se somarmos as componentes de qualificação, mas os programas ainda não estão a chegar ao terreno e há uma necessidade premente de acelerar para cumprir as metas definidas. Estas são algumas das ideias chave no debate no 32º Congresso da APDC que está a decorrer em Lisboa e que pode ser acompanhado online com o SAPO TEK.
Na abertura do segundo dia do Congresso, o ministro da Economia, António Costa Silva, destacou a importância do PRR com os valores destinado à digitalização de processos e aumento da competitividade de empresas. "A mudança está a caminho e vai afirmar-se em números mais poderosos na economia e no desenvolvimento do país", defendeu.
A visão que se seguiu no painel dedicado ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não é tão optimista, sobretudo da parte das empresas, com Armindo Monteiro, presidente da CIP, a fazer muitas criticas ao programa e às opções de execução.
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O keynote de Pedro Dominguinhos, presidente da comissão nacional de monitorização do PRR, traçou o caminho e opções do programa de resiliência e a sua aplicação na componente tecnológica, destacando que "Portugal é o 7º país que tem mais verbas dedicadas à digitalização das empresas", adiantando que a Itália está em primeiro lugar.
Reconhecendo a necessidade de acelerar a aplicação, sobretudo nas PME, Pedro Dominguinhos listou os programas que estão em desenvolvimento, desde o digital innovation hubs à rede nacional de test beds, o programa bairros digitais e aceleradoras digitais ou vouchers para startups. "Temos um conjunto de medidas alinhadas com necessidades [das empresas] mas neste momento falta concretização no terreno para que as empresas possam começar a aplicar".
"É fundamental acelerar, até porque há metas que são exigentes" em termos de tempo, afirma Pedro Dominguinhos, sublinhando que "este é um programa muito ambicioso, que exige compromisso de todos os beneficiários"
O responsável pela comissão de monitorização deixou algumas reflexões e avisos, como a necessidade de gerir os tempos de decisão e melhorar a articulação entre os diferentes organismos, acelerar a reprogramação do PRR com o novo programa de indústria 4.0 e ter uma agenda de avaliação baseada nos resultados. "Não temos de nos preocupar só com execução financeira mas com a capacidade transformadora porque foi para isso que o PRR foi criado", defende.
"Estamos perante uma corrida, que é uma maratona de alta pressão. Todos os anos vamos a exame duas vezes e ou passamos e os reembolsos vêm, ou passamos assim assim e vêm menos", lembra Pedro Dominguinhos.
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Foco excessivo no Estado apontado pela CIP
Durante o debate Armindo Monteiro, presidente da CIP, Confederação Empresarial de Portugal, não poupou críticas ao PRR, que afirma que tem um pecado original, da forma como foi criado, sem ambição. "Em vez de next generation, como na Europa, chamámos logo plano de recuperação", afirma, dizendo que não é elegível para as empresas, para as suas necessidades, e que por isso está já obsoleto.
O presidente da CIP defende também que o PRR está excessivamente centrado na Administração Pública, e que está focado na informatização de processos e não na digitalização de processos, o que é muito diferente. E critica ainda o facto de na AP o dinheiro estar a ser aplicado em gastos correntes e não em investimento. "É uma alternativa ao orçamento, o que é exigido ao privado não é exigido ao público".
Pedro Dominguinhos mostrou a sua discordância desta ideia e quis também clarificar um facto: "Portugal não tem um problema de fraude de fundos europeus, tem mesmo um índice muito baixo", defende.
Para o presidente da CIP, a confiança é também uma das palavras chave. "É preciso que a administração do PRR confie mais nas empresas [...] há entidades portuguesas em quem se confia, na AP, e outras em que não se confia, no privado [...] É portugueses contra portugueses", sublinha Armindo Monteiro, lembrando ainda que as empresas estão disponíveis para investir e aproveitar o potencial do PRR, o que se nota pelo número de candidaturas.
Armindo Monteiro deixou ainda a ideia de que o Estado não pode nem deve fazer tudo, e que é importante recorrer à contratação. "Gostávamos que o Estado resistisse à tentação de tentar fazer tudo internamente [...] o Estado não deve competir com o privado nestas questões, deve usar a capacidade instalada", afirma.
Questionado pelo moderador, deixa ainda três palavras chave dos pedidos das empresas: simplificação, escrutínio e confiança.
O SAPO TEK está a acompanhar o 32º Congresso da APDC e pode seguir todas as notícias através desta ligação.
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