A aposta no digital tem sido comum entre os principais operadores de media em Portugal, que contudo lutam para rentabilizar os seus investimentos.  A criação de uma plataforma de streaming única em Portugal poderia ser uma alternativa face à concorrência das plataformas globais de streaming como a Netflix, HBO e Amazon. A ideia foi lançada por Nicolau Santos, presidente da RTP, durante a sessão THE STATE OF THE NATION OF MEDIA, favoravelmente acolhida por parte de Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa.

“Se os três operadores estivessem juntos a produzirem os seus conteúdos de streaming teriam obviamente outra possibilidade de negociarem e de estarem presentes no mercado”, defendeu Nicolau Santos.

“A Opto está disponível para falar convosco”, respondeu o presidente executivo da Impresa ao gestor da RTP. Anteriormente, Francisco Pedro Balsemão tinha admitido que o grupo ainda está a perder com o seu serviço de streaming, embora em 2022 já tenham faturado “na ordem dos seis dígitos”.

Sobre a produção audiovisual, Nicolau Santos defendeu uma política pública de fomento, para financiar e apoiar os produtores independentes.

Pedro Morais Leitão, recordou que os acionistas compraram um terreno para o qual querem transferir as instalações todas do grupo. “Vamos ter uma grande área de estúdios e uma grande área de escritórios onde vamos concentrar tudo”.

O presidente executivo da Media Capital defendeu que Portugal precisa de mais oferta de grandes estúdios. “Há muito interesse e investidores na parte hardware de produção audiovisual, tenho boas perspetivas e dá-me confiança que vamos fazer um bom caminho”, acrescentou.

Acabar com a Televisão Digital Terrestre?

A Media Capital defende a ideia. “Estes três operadores gastam muitos milhões de euros por ano a transmitir para 150 mil pessoas que se calhar mais valia usarmos a tarifa social da internet para lhes por conteúdos à séria em casa”, referiu Pedro Morais Leitão. O CEO da Media Capital considera que se o tema não for pensado já agora e a licença em janeiro de 2024 for renovada para os próximos sete anos, “nessa altura teremos zero lares a ter TDT em Portugal”.

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Francisco Pedro Balsemão comentou o facto de neste momento não ser possível acabar com a TDT devido à legislação que regula o tema, mas sublinhou que os operadores pagam demais pela TDT, face ao retorno retirado.

Sem se comprometer, afirmando que a TDT “está no contrato de concessão”, Nicolau Santos comentou as ideias de custo excessivo suportado pelos operadores e a evolução do número de lares que só tem acesso à TV através da TDT, e admitiu que “se calhar existem outras maneiras que saem mais barato a toda a gente e, eventualmente, são mais eficazes do que aquilo que existe atualmente”.

Mesmo na hipótese de a lei mudar, Nicolau Santos não se comprote. Já Pedro Morais Leitão respondeu que mesmo sem a lei mudar, a TVI pode estar interessada em deixar de ser um canal generalista "simplesmente para deixar de estar obrigada a  transmitir pela TDT".

Audiências quanto vos quero

Atualmente há uma enorme fragmentação de audiências, através de outros meios, o que se tornou num desafio para os operadores tradicionais. “Em resultado disso, a publicidade está a cair abissalmente e há concorrência desleal por parte dos grandes operadores estrangeiros”, referiu Nicolau Santos.

Francisco Pedro Balsemão deixou a visão da publicidade como comunicação comercial, que “vai continuar a ser fundamental para as pessoas conhecerem o que existe no mercado e os anunciantes venderem”. Apontou também a fragmentação existente para a receção da informação por parte dos consumidores, defendendo que os media portugueses terão de encontrar caminhos para entregar conteúdos. “Agora, isso é mais fácil de dizer do que fazer. Temos de saber como alocar os nossos recursos e orçamentos”

Às afirmações dos “colegas”, Pedro Morais Leitão acrescentou números, afirmando que tem havido uma reconfiguração grande do portfolio dos serviços de publicidade oferecido aos anunciantes. “Com alguma subida de preço, mas tem sido mais rápida a queda de ritmo e a transferência de receitas para outros meios, particularmente os digitais. Neste momento, 25% do mercado de publicidade convencional é feito para as plataformas globais”.

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