A Apple poderá dar mais um passo para se tornar independente de outras fabricantes e fornecedores de componentes para os seus equipamentos. Depois de lançar os seus processadores, libertando-se da Intel, poderá chegar a altura da dona do iPhone começar a produzir os seus componentes de comunicação que são fornecidos pela Broadcom e Qualcomm.
A notícia é avançada pela Bloomberg, que falou com pessoas ligadas ao tema e o objetivo é lançar o seu primeiro modem celular no final de 2024 ou início de 2025. Os planos não são de agora, uma vez que a Apple comprou em 2019 o negócio dos modems à Intel por mil milhões de dólares. Atualmente a Apple é o maior cliente da Broadcom, tendo contabilizado com cerca de 20% das receitas da empresa no ano passado, correspondendo a 7 mil milhões de dólares. E a Qualcomm também registou 22% de vendas à empresa da maçã, perto de 10 mil milhões de dólares.
A Broadcom fornece a tecnologia de Wi-fi e Bluetooth para os equipamentos da Apple, como o iPhone, iPad e outros. Ao produzir internamente estes componentes, com o objetivo de equipar os primeiros aparelhos em 2025, os planos da empresa liderada por Tim Cook poderão ser mais ambiciosos. O objetivo será criar um chip que lide com tudo o que tenha a ver com comunicações. Assim, além do Wi-fi e Bluetooth, também o modem celular se pode juntar e serem combinados num único componente.
Apesar de não serem os únicos componentes fornecidos pela Broadcom à Apple, a decisão de mudança significará grandes perdas de faturação para a fabricante. A empresa ainda fornece chips de radiofrequência e componentes para carregamento sem fios.
Relativamente à substituição dos modems da Qualcomm, as fontes da Bloomberg referem que os planos da Apple passam por lançar o componente produzido internamente em apenas um novo equipamento, como por exemplo, um iPhone topo de gama. De recordar que os planos para lançar um iPhone com um modem 5G produzido pela Apple estava inicialmente planeado para 2023.
Só depois, de forma gradual, irá expandir para outros equipamentos. Esta foi a estratégia que a Apple utilizou na substituição dos seus processadores Apple Silicon pelos da Intel, e atualmente praticamente todos os equipamentos são alimentados pelos seus chips. O processo de transição poderá demorar cerca de três anos.
O atraso dos planos da Apple é apontado a problemas que a empresa encontrou relacionados com sobreaquecimento, duração de vida da bateria e ainda a respetiva validação dos componentes pela mais de uma centena de operadoras de telecomunicações nos mercados onde a empresa da maçã vende os equipamentos.
A Apple e a Qualcomm têm um histórico de ações legais em torno de patentes relacionadas com a tecnologia de comunicação. O último episódio foi recente, em outubro de 2022, quando a Apple voltou aos tribunais para tentar invalidar patentes da Qualcomm, mas que o juiz considerou que não havia fundamento legal para o aceitar.
Apesar de ter chegado tarde ao 5G, a Apple pretende agora ser pioneira na tecnologia 6G, estando já a contratar para explorar o potencial da próxima geração móvel. Os especialistas na área de telecomunicações apontam 2030 como o início da nova geração, esperando-se assim que a Apple arrume a sua divisão de comunicações até lá.
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