Hoje é o último dia do Web Summit 2016 e a organização já começou a preparar a próxima edição, colocando os primeiros bilhetes à venda. Mas o último dia é também o culminar de uma das principais razões do evento: o concurso de startups que vai escolher a melhor entre as 1.500 selecionadas para apresentarem os seus projetos na maior conferência de tecnologia.

Nos 3 dias foram feitos centenas de Pitch, com apresentações das ideias em vários palcos, e os empreendedores tiveram também oportunidade de expor os seus projetos nos vários pavilhões da FIL, falar com investidores, outros empreendedores e os media. Só que, como perceberam nos últimos dias, este é um mundo muito complexo, onde é difícil conseguirem destacar-se, e exige muita preparação, resistência e capacidade de luta.

Em entrevista ao TeK, Mike Harvey, responsável de comunicação estratégica do Web Summit, destaca isso mesmo. “A verdade é que muitas startups vão falhar. É uma verdade económica. Nem todas as ideias são boas ideias”, explica. “O que tentamos fazer é dar o máximo espaço para as melhores ideias florescerem e fazerem networking, encontrarem oportunidades e aprenderem uns com os outros. Não podemos garantir o sucesso de ninguém”, adianta em conversa com o TeK.

E o segredo para ser bem sucedido? Não há uma fórmula, mas para Mike tudo passa pelo “hussle” o termo que já entrou no léxico dos empreendedores e que não tem uma tradução direta, mas que significa ir à luta, esforçar-se e sacrificar-se pela sua ideia. “As startups que aqui vêm sabem que têm de lutar e esforçar-se para se destacar”, sublinha, lembrando que a própria Web Summit é uma história de esforço e empenho de Paddy Cosgrave e dos fundadores da ideia, que nos primeiros anos trabalharam a partir dos seus sofás para transformar a conferência num dos maiores eventos do género no mundo.

Do lado da organização o objetivo é criar as melhores condições para que tudo corra da melhor forma. O processo começa com a seleção das startups presentes, com uma escolha criteriosa de entre as dezenas de milhar que se candidatam, e Mike Harvey garante que a equipa analisa todos os projetos de forma cuidadosa.

“Estou confortável com a qualidade das startups que temos”, responde quando questionado com o facto de haver diversas formas de “entrar” como startup no Web Summit. E admite que “o processo não é perfeito. Trabalhamos muito para o aperfeiçoar e dar as melhores condições às startups”, justifica.

Mesmo assim, o responsável de comunicações lembra que “se a startup não estiver ‘pronta’ para vir ao Web Summit não vai resultar”. “Pode ser muito cedo e ainda não ter as peças todas”, admite Mike Harvey.

Entre essas condições está também o sistema de apoio e aconselhamento criado durante o Web Summit. “Há dois ou três anos, em conversa com as startups, percebemos que havia falta de mentoring e por isso criámos as office hours, em que estabelecemos uma espécie de speed dating com investidores”, explica. É usado um algoritmo para fazer o “match” dos interesses das startups e dos investidores e depois há um “encontro” de 15 minutos onde cada startup pode fazer a sua apresentação, um Pitch mais reservado.

Este ano estão previstas 2 mil sessões, mas o conceito foi também alargado às Mentor Hours, onde de uma forma menos formal as startups podem expor as suas dúvidas e questões, em encontros de 15 minutos com alguns dos oradores, veteranos da indústria ou investidores, mas também com pessoas dos media. “Algumas startups querem falar sobre o seu posicionamento, perceber se estão na área certa, com o produto e posicionamento certo, e há muitos CEOs que já estiveram nesta situação e querem dar uma ajuda, partilhando o seu conhecimento”, adianta Mike Harvey.

Para este ano estão previstas 968 sessões, com 278 mentors que disponibilizam o seu tempo para este processo, e entre os nomes conta-se o surfista Tiago Pires.

Acompanhe todas as novidades do Web Summit com o TeK e veja ainda as fotografias captadas pela equipa do TeK, em reportagem “ao vivo”, a partir do Meo Arena e da Fil em Lisboa.