A transformação de Portugal num destino internacional de outsourcing é uma das ambições das empresas do sector, materializadas na estratégia já definida pela Associação Portugal Outsourcing, que hoje apresentou um estudo que confirma o potencial para captar projectos e centros de competência a nível internacional.


Liderado por Rogério Carapuça, presidente da Novabase e membro da Associação, o estudo aponta vantagens e desvantagens de Portugal face a uma concorrência próxima de Espanha, Hungria, Holanda, Polónia, Reino Unido, República Checa e Roménia.


A competitividade a nível de custos mas também de recursos humanos foi destacada, assim como as infra-estruturas existentes, mas há ainda barreiras a ultrapassar para que Portugal se torne mais atractivo, especialmente a nível da morosidade da justiça e da política de fiscalidade, destacou Rogério Carapuça.


Ainda mais importante é a necessidade de ganhar massa crítica interna, com casos de referência que são essenciais para colocar Portugal no mapa dos contratos internacionais. O responsável pelo estudo defende que aqui a Administração Pública tem um papel importante a representar, podendo ajudar a desenvolver o mercado e replicando exemplos de sucesso de outros países, como o Reino Unido, onde o desenvolvimento do outsourcing para o sector público ajudou a desenvolver toda a indústria a potenciou o seu crescimento.


O apelo não foi totalmente acolhido por dois representantes governamentais na conferência da Associação. Maria Manuel Leitão Marques, secretária de Estado da Modernização Administrativa admitiu que o Outsourcing pode ajudar a cumprir os objectivos de ter uma Administração Pública mais inovadora e com menos custos. "Talvez sim, mas não nos iludamos, as provas vão ser cada vez mais exigentes", sublinhou, desafiando ainda as empresas do sector a arriscarem mais no desenvolvimento de novos projectos piloto que podem ou não resultar em novos produtos e serviços.



Também Carlos Zorrinho, secretário de Estado da Inovação e da Energia, mostrou uma abertura relativa a este repto, disponibilizando-se para conversar com a associação para definir estratégias para potenciar a internacionalização, mas não fugindo às limitações que o outsourcing tem na Administração Pública, nomeadamente a nível dos recursos humanos.


O potencial de Portugal foi também analisado por Bharat Vagadia, consultor do Reino Unido e membro da direcção da associação de empresas de outsourcing no país. Para colocar Portugal no mapa extremamente competitivo de países que se querem tornar hubs de outsourcing este consultor defende que é preciso definir uma estratégia diferenciadora, escolhendo uma área em que as empresas nacionais se possam destacar, que servirá de “cartão de apresentação” do país.


E na sua opinião a melhor estratégia não passa pela concorrência a nível de custos, onde dificilmente conseguiríamos bater as economias emergentes como a Índia e Brasil, mas eventualmente por serviços muito especializados.