Em conferência de imprensa no Porto, o representante da Bosch em Portugal, Carlos Ribas, avançou ainda que "a fábrica de Braga irá crescer em cerca de 800 a 1.000 pessoas até ao final de 2023", enquanto na unidade de Aveiro o grupo prevê "criar 300 postos de trabalho até ao final de 2024".
Com fábricas em Braga, Aveiro e Ovar e instalações em Lisboa, a Bosch terminou o ano passado com vendas consolidadas no mercado local de 346 milhões de euros, 14% acima do nível de 2020.
Para este ano, e com base na atividade dos primeiros quatro meses do ano, Carlos Ribas antecipa "uma evolução positiva" em Portugal, que destaca como "o país mais competitivo da Europa" para o grupo Bosch: "Vamos continuar a crescer principalmente nas áreas de I&D [Investigação e Desenvolvimento] e serviços partilhados e expandir quer as nossas instalações, quer as parcerias de inovação com centros de conhecimento e competências em Portugal", afirmou. "No entanto, na conjuntura internacional atual faz com que seja necessário sermos cautelosos nas previsões para o ano".
Como três principais "fatores de sucesso" da atividade em Portugal, o presidente do grupo Bosch em Portugal e Espanha, Javier González Pareja, destacou o facto de "todas as unidades terem I&D, seja Braga, seja Ovar, seja Aveiro", a possibilidade de "industrializar" localmente e, ainda, o facto de "a maior parte desse trabalho ser feito por portugueses".
"Invented in Portugal and made in Portugal by portuguese talents [Inventado em Portugal e feito em Portugal por talentos portugueses]". A Bosch opera diretamente em mais de 60 países e indiretamente em 150 e há poucos assim", resumiu.
Atualmente, a Bosch é um dos maiores empregadores e exportadores no país, vendendo para mais de 50 países cerca de 97% do que produz em Aveiro, Braga e Ovar e dos serviços que prestados desde Lisboa.
No final de 2021, a empresa contava com 5.788 colaboradores em Portugal, entre os quais cerca de 900 engenheiros (mais 250 que em 2020) nas equipas de I&D, que se dedicam a criar soluções para a mobilidade, casas e cidades inteligentes.
"Em 2021 alocámos cerca de 50 milhões de euros à criação de soluções tecnológicas inovadoras e submetemos o registo de mais de 50 patentes relativas aos resultados de alguns dos maiores projetos de inovação em Portugal. Assinámos ainda novas parcerias com universidades portugueses, dando um claro sinal de que a Bosch pretende continuar a investir no país", sublinhou Javier González Pareja.
Este ano, a Bosch pretende investir mais 100 milhões de euros no país, na expansão das fábricas de Aveiro, Braga e Ovar e num reforço dos projetos de I&D.
Assim, em Ovar está a ser ultimada a inauguração das novas instalações que vão albergar as equipas de I&D e permitir a contratação de cerca de 50 novos colaboradores até ao fim de 2022; em Aveiro, está a ser preparado um novo edifício para logística e áreas comuns para os colaboradores e, em Braga, a Bosch está ainda a planear a ampliação das instalações com a construção de dois novos edifícios para aumentar a capacidade de I&D e a capacidade produtiva e tecnológica.
Analisando a evolução das várias áreas de negócio em Portugal, a Bosch destaca a Energia e Tecnologia de Edifícios como tendo tido "um desenvolvimento muito positivo o ano passado, com as unidades de Aveiro e Ovar a registarem os melhores resultados de sempre".
"Em Ovar, uma localização com foco em tecnologias de videovigilância, intrusão e comunicação, a Bosch teve um aumento de 36% nas vendas relativamente ao ano anterior", refere, acrescentando que "este crescimento no negócio refletiu-se também num aumento de mais de 15% no total de colaboradores, um reforço que advém da aposta na área de I&D desta unidade, que recentemente integrou novas equipas para desenvolvimento de soluções para eBike e casas inteligentes, além das equipas que já trabalhavam em sistemas de deteção de incêndios, videovigilância ou comunicação e ferramentas elétricas".
Quanto à unidade da Bosch em Aveiro, dedicada à produção de soluções de água quente através de esquentadores, caldeiras e bombas de calor, registou um crescimento de 26%, "o maior dos últimos anos", destacando a empresa "aposta na tecnologia de bombas de calor, com o investimento de cinco milhões de euros em instalações de teste para desenvolvimento desta solução e na instalação da nova linha de produção, que deverá arrancar no primeiro semestre de 2023 e que irá criar 300 novos postos de trabalho nesta unidade".
"Todos estes investimentos refletem-se também no contínuo recrutamento para o centro de engenharia em Aveiro, onde a Bosch desenvolve soluções de termotecnologia e software para plataformas web e mobile para diversas áreas de negócio da Bosch a nível mundial", enfatiza.
Quanto à unidade de Service Solutions em Lisboa, dedicada à prestação de serviços nas áreas de experiência de cliente, mobilidade, monitorização e processos de negócio, registou um crescimento de 15%, ultrapassando o volume de negócios anterior à pandemia, enquanto a área de Bens de Consumo, que engloba os eletrodomésticos e as ferramentas elétricas, teve um crescimento de 16% em 2021.
Globalmente, o grupo Bosch aumentou as receitas em 5,2% no primeiro trimestre de 2022, esperando terminar o ano com uma subida superior a 6% e uma margem EBIT [operacional] entre os 3% a 4%, "apesar da probabilidade de encargos consideráveis, especialmente devido ao aumento dos custos de energia, matérias-primas e logística".
Com sede em Estugarda, na Alemanha, o grupo Bosch fechou 2021 com 78.700 milhões de euros em vendas, mais 10% do que no ano anterior, e um lucro de 2.500 milhões de euros, que compara com os 749 milhões registados em 2020.
Referindo a guerra na Ucrânia "e todas as suas implicações" como "uma das incertezas" atuais, o grupo alemão considera que "destaca a pressão sobre os decisores políticos e a sociedade para que se tornem menos dependentes dos combustíveis fósseis e procurem vigorosamente o desenvolvimento de novas fontes de energia".
Neste sentido, a Bosch vai investir cerca 3.000 milhões de euros ao longo de três anos em tecnologia neutra para o clima, como a eletrificação e o hidrogénio, prevendo aplicar cerca de 500 milhões na área de negócio do hidrogénio e dos componentes para eletrólise de hidrogénio.
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