Keri Gilder assumiu a liderança da Colt Technology Services em maio de 2020, a meio de uma crise pandémica que mudou significativamente a forma de fazer negócios em todo o mundo, mas que destacou a importância das infraestruturas e da sua resiliência para suportar as necessidades de teletrabalho, telescola e de manter processos em indústrias de todos os sectores.

Nos últimos meses a nova CEO da Colt tem estado a redefinir a estratégia da empresa, um trabalho feito internamente, e hoje apresentou as novas linhas de atuação aos jornalistas, numa conferência com um número limitado de meios de todo o mundo, na qual o SAPO TEK participou.

“Estamos a ver mudanças importantes no mercado e temos de fazer alterações na nossa estratégia”, afirmou Keri Gilder, adiantando que a Colt quer fazer a transição de uma empresa focada na infraestrutura de rede, aumentando a sua relevância no mercado empresarial e captando uma fatia mais significativa da área de SD WAN (software-defined networking em wide area network).

Keri Gilder, CEO da Colt

“Temos de evoluir para uma tech comm”, afirmou a CEO da empresa, salientando que esta mudança está sustentada no ADN da Colt e tira partido do seu know how e investimento realizado nas infraestruturas de rede, competências internas e processos, assim como da ligação aos clientes. A aposta conjuga a tecnologia de comunicações, com o desenvolvimento de software para redes de comunicações e conectividade com o papel de fornecedor de infraestrutura.

Mas esta transformação não quer dizer que a empresa vai deixar de investir em infraestrutura, que “vai continuar a ser ‘core’ garantindo a ligação a todos os datacenters”, justifica. Recorde-se que através da rede Colt IQ Network a Colt liga mais de  900 data centres na Europa, Ásia e América do Norte aos principais centros de negócios com mais e 29.000 edifícios ligados. A empresa tem rede própria em 32 países garantindo largura de banda acima dos 100 Gbps.

Mapa da rede da Colt

Na base da nova estratégia vai continuar a estar a rede, mas a Colt quer optimizar a atual infraestrutura e evoluir para um modelo de rede inteligente, migrando os clientes de redes mais antigas (9 no total)  para os novos sistemas de SD WAN, o que vai acontecer gradualmente nos próximos meses, e sempre de forma sustentada. “Vai haver tempo e coordenação com os clientes para o fazer, e há benefícios à medida que evoluímos a nossa rede”, afirma Keri Gilder.

“A Colt teve esta visão há alguns anos […] a tecnologia está cá, queremos ajudar os clientes a fazerem essa mudança de workloads críticos para a cloud e para um modelo on demand”, explica.

O aprofundamento de parcerias para construção e desenvolvimento de redes com fornecedores de cloud, a melhoria da experiência do cliente e otimização dos fatores estratégicos da empresa foram detalhados por Keri Gilder, que admite que o crescimento pode ser feito de forma orgânica ou não orgânica, não afastando a possibilidade de fusões e aquisições mas reforçando que não está nenhuma definida num horizonte próximo.

A par da nova estratégia a Colt tem também um novo modelo organizacional, alinhada à volta dos pilares da tecnologia e segurança, operações e engenharia, estratégia e transformação, vendas, marketing e apoio a clientes e outras áreas de apoio como os recursos humanos, finanças e aconselhamento regulatório.

Questionada pelo SAPO TEK sobre Portugal, Keri Gilder afirmou que o mercado é uma localização importante para a empresa e onde quer localizar competências, lembrando que a pandemia da COVID-19 mostrou que o negócio é agora feito cada vez mais de forma globalizada.

A importância das redes inteligentes, que são cruciais para as empresas continuarem a desenvolver os seus processos de negócio mesmo com a pressão da pandemia da COVID-19, foi também sublinhada por Ashish Surti, VP da área de tecnologia, que durante a conferência abordou as necessidades das empresas nos últimos meses, a que a Colt teve de responder de forma muito rápida. Depois de uma fase inicial de algum caos,  o responsável de tecnologia da empresa diz que agora se recomeça a fazer “restart aos motores” nos vários países e clientes, com preocupações de otimização da conetividade, suporte a ao trabalho remoto e preocupações crescentes com a segurança. Tudo áreas nas quais a Colt se está a focar para responder às necessidades do mercado.