Mesmo que o negócio esteja a crescer, nada impede que os gestores queiram melhores resultados, numa política de menores riscos, e que lhes tragam ao mesmo tempo conforto noutras áreas que não simplesmente a financeira: por exemplo, segurança e proteção de dados.

E este caminho só é conseguido através da inovação. No entanto a inovação tem muitas caras, pois depende não só do que está a ser desenvolvido, como depende muito de como vai ser usada.

A Dell tem a sua própria visão de como será a inovação nos próximos cincos anos. Não são inovações e previsões que vão ter impacto de forma direta e significativa na forma como as pessoas vivem o seu quotidiano. São antes tendências mais focadas na área empresarial e que vão alterar a forma de estar no modelo de negócio e consequentemente a própria forma de agir da empresa.

De acordo com o Jai Menon, vice-presidente responsável pela divisão de investigação e desenvolvimento da Dell, estas serão as dez tendências tecnológicas que passarão a realidade de negócio nos próximos 10 anos:

- a tendência bring your own device (BYOD) vai deixar de focar-se apenas na segurança para endereçar a segurança com usabilidade já em 2016
- 2016 será também o ano da explosão no número de dispositivos que vão estar ligados à Internet, o que trará para as empresas não só oportunidades como também grandes desafios
- próxima geração de memórias não voláteis (NVM), algures entre a DRAM e o SSD, chega em 2017
- no ano de 2017 haverá ainda uma mudança de paradigma no que diz respeito aos sistemas de data loss protection (DLP) que vão transformar-se em sistemas de dados que se auto-protegem
- em 2018 os interfaces dos dispositivos já terão evoluído por forma a perceberem melhor os verdadeiros intuitos dos utilizadores
- a encriptação homomórfica vai tornar-se numa realidade transversal aos mais variados sistemas de cloud computing em 2019, querendo isto dizer que nessa altura será possível fazer cálculos e conjugação de dados encriptados, sem ser necessário decifrá-los, o que possibilita uma maior convergência de serviços sem que a privacidade e a segurança sejam sacrificadas
- a especialização via software vai superar a customização de software em 2020
- até 2020 os sistemas de analítica vão evoluir de descritivos para preditivos e de preditivos para prescritivos de forma muito mais rápida do aquela que tinha sido antecipado até aqui
- as ferramentas de business process vão estar totalmente integradas com ferramentas de analítica em tempo real no ano de 2020
- também nesse ano a segurança já terá integrada uma componente preditiva, deixando de ser apenas reativa, e vai ainda funcionar de acordo com os contextos nos quais está envolvida

No entanto não se trata só de apontar o dedo para o caminho a seguir. A Dell está a fazer mais do que isso e está ela própria a desenvolver soluções que permitirão concretizar as metas traçadas.

Por exemplo, ao nível das telecomunicações a Dell está a desenvolver um sistema que liga o smartphone automaticamente à melhor rede disponível. Quer isto dizer que o utilizador tanto pode estar a falar em Wi-Fi se for a tecnologia que tem melhor cobertura num determinado local, como pode estar a usar o seu pacote de telecomunicações. Estas transições são feitas em segundo plano sem que o utilizador dê conta.

Mas a parte interessante é que a Dell está a trabalhar neste sistema, mas também entre torres de comunicação das operadoras. Dando um exemplo português, seria possível a um cliente Vodafone estar ligado a uma torre do Meo caso fosse essa a que providenciasse melhor sinal. Jai Menon admite que este é um cenário que precisa de ser trabalhado, mas que pode ser facilmente ultrapassado através de operadores móveis virtuais (MVNOs).

A Dell está ainda a desenvolver tecnologias para dispositivos móveis que vão transformar a forma como os equipamentos se relacionam com os utilizadores. Isto porque para a tecnológica norte-americana em breve os smartphones vão ler as emoções das pessoas para saberem responder a esse contexto. Se o utilizador estiver focado a escrever um documento, não vai ser interrompido por chamadas ou notificações. Se achar que um videojogo está aborrecido, o sistema será capaz de aumentar a dificuldade para "recuperar" o utilizador.

Há uma outra tecnologia que pode vir a ser relevante e que faz com que o smartphone esteja sempre à procura do seu dono legitimo. Quer isto dizer que através dos padrões de toque e interação com o telemóvel, será possível identificar em poucos minutos se alguém está a usar um equipamento que não é seu - e levando assim ao seu bloqueio.

E para mostrar o seu compromisso relativamente às previsões que aponta, Jai Menon, da Dell, assume a importância do timing: pois se as previsões se concretizarem cedo ou tarde demais, ou se as tecnologias correspondentes não cumprirem o calendário, poderão simplesmente não resultar.

Rui da Rocha Ferreira