No último mês do ano passado, o download pago de ficheiros de música aumentou acentuadamente nos EUA, quase triplicando face aos valores registados em igual período de 2002, segundo revela o mais recente relatório trimestral TEMPO da Ipsos-Insight, que analisa a relação dos americanos com a música digital.



A Ipsos-Insight avançou os resultados do seu relatório quase ao mesmo tempo que um outro estudo, realizado por dois investigadores académicos,indica que a partilha de ficheiros de música não tem qualquer efeito negativo na venda de CDs.



Comparando os dados relativos ao download de ficheiros de música com as vendas de CDs nas lojas, os investigadores - ligados à Harvard Business School e à Universidade da Carolina do Norte -, salientaram que a maioria dos downloads gratuitos parecem ser realizados por indivíduos que, de qualquer modo, não teriam comprado os álbuns.



Reportando à segunda metade de 2002, o estudo indica ainda que a partilha não autorizada de ficheiros em redes P2P não justifica por si só o declínio das vendas de música durante este período. Mesmo perante o quadro estatístico mais pessimista, seriam necessários 5.000 downloads para que se deixasse de vender uma cópia de um álbum.



Para os investigadores académicos, a troca de ficheiros pode inclusive beneficiar as vendas de alguns CDs. Para os álbuns com vendas abaixo das 36 mil cópias, os autores apontam um efeito negativo reduzido. Pelo contrário, para os CDs com mais de 600 mil cópias vendidas, regista-se um efeito positivo.



De acordo com o estudo, "150 downloads originam a venda de mais uma cópia. O efeito é particularmente importante uma vez que a rentabilidade da indústria discográfica depende quase exclusivamente do sucesso dos álbuns mais vendidos".



O relatório da Ipsos-Insight, por sua vez, revela então que, em Dezembro de 2003, 22 por cento dos internautas com 12 ou mais anos de idade pagaram para efectuar o download de música digital da Net, num valor que quase triplica o registado em igual período do ano anterior, quando só oito por cento dos inquiridos pagou pelos ficheiros.



Para a Ipsos,o comportamento dos norte-americanos foi influenciado pela campanha conduzida pela RIAA, mas também pelo crescimento do número de serviços pagos de download de música.



Mais de dois terços (62 por cento) dos americanos que pagaram para descarregar ficheiros de música da Internet gravaram os mesmos em CDs. Mais de metade (56 por cento) adicionaram os ficheiros a playlists pessoais, enquanto um terço (26 por cento) transferiu a sua música para um leitor MP3.



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