O tema da definição técnica das infraestruturas de comunicações (ITED 3 e ITUR 2) serviu de base para o primeiro painel da 19ª conferência da ACIST, a Associação de Empresas de Comunicações em Portugal, por onde passava também a ideia das implicações que as mudanças na forma de ver TV podem ter nas infraestruturas, mas a maior parte dos oradores acabaram por se centrar em temas mais relacionados com o negócio e com a preocupação com uma estabilidade, e garantia de equilíbrio entre investimento e receitas.

Paulo Moniz, presidente da ACIST, tinha referido logo na sessão de abertura que se está a sentir uma pequena retoma no mercado das infraestruturas, depois de anos muito difíceis em que as empresas do sector tiveram de mostrar tenacidade para resistir à redução do investimento nas telecomunicações e ao abrandamento na construção de edifícios, dois dos principais mercados para as Pequenas e Médias Empresas que se dedicam ao fabrico de equipamentos e instalação.

A consolidação a que se assiste, porém, no mercado das comunicações, com o domínio das grandes empresas, cria novas dificuldades para as PME, que perdem poder negocial, alterando uma matriz de referência que existia.

A mesma ideia foi sublinhada por José Barros, da Direção Comercial da Telcabo, que avisou que as empresas não podem ser colocadas no limite da sobrevivência: “é muito bom fazer projetos de 500 mil euros mas se no final do ano percebemos que ele custou 600 mil euros não é possível manter”.

Defendendo que é preciso alterar o paradigma negocial, José Barros admite que quando as decisões dos concursos são baseadas no preço, e que a qualidade da implementação e serviço é meramente uma obrigação do fornecedor, se perde na capacidade técnica, na inovação e no equilíbrio das empresas.

O esmagamento de preços foi também confirmado pela First Approach, na voz de Williams Cunha, e pela Televes, que está a tirar partido do know how desenvolvido para explorar os mercados de países de língua oficial portuguesa.

A implementação das normas ITED 3 para as infraestruturas públicas e ITUR 2, para loteamentos, urbanizações e conjuntos de edifícios, foi também um dos temas chave do debate, com os fabricantes a elogiarem a qualidade das normas técnicas, que permite a maior qualidade de serviço de telecomunicações em Portugal e serve também de base para a exportação de produtos e serviços noutros países que adotaram normas semelhantes, entre as quais os Países de Língua Oficial Portuguesa.

António Vassalo, Diretor da Direção de Fiscalização da Anacom, lembrou que as estruturas criadas com as novas normas são “à prova de futuro” e das exigências de novos serviços, muito suportados na Internet. Mas António Vassalo não está ainda satisfeito com a qualidade técnica da implementação.

Em 2014 a Anacom fez 500 fiscalizações, em que foram detetados 29% de incumprimentos, um nível demasiado elevado, que se deve sobretudo ao facto dos projetistas não estarem a cumprir as normas e por muitas vezes não fiscalizarem o desenvolvimento das obras.

O 19º Encontro Nacional de PMEs do Sector das Telecomunicações está a decorrer hoje em Lisboa, sendo promovido pela ACIST, a associação empresarial de comunicações de Portugal.