A tensão geopolítica entre os Estados Unidos e a China continua a aumentar e a lista de acusações à Huawei também. Depois de ter colocado a Huawei na "lista negra" de entidades com as quais o país não mantém negócios, os Estados Unidos avançam agora com uma nova lista de acusações contra a empresa chinesa, que incluem extorsão e conspiração para roubo de informação confidencial. As novas acusações foram avançadas ontem e a Huawei já reagiu, negando estas práticas.

O processo deu entrada num tribunal de Nova Iorque e a Huawei é acusada de violar o Racketeer Influenced and Corrupt Organizations Act (RICO). As novas acusações dos promotores públicos ampliam a ação que os Estados Unidos mantêm contra a Huawei e a sua CFO, Meng Wanzhou, filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, que foi detida no Canadá em 2018 e cuja extradição para os Estados Unidos está a ser analisada em Tribunal.

No processo apresentado pelo Departamento de Justiça a Huawei é acusada de roubar segredos comerciais, como código fonte e tecnologia de robótica, de seis empresas norte americanas, entre as quais a T-Mobile. As acusações incluem ainda negócios com a Coreia do Norte e a assistência ao governo do Irão em sistemas de vigilância interna.

A Huawei já reagiu numa declaração oficial onde afirma que os Estados Unidos pretendem bloquear a sua expansão por ser uma ameaça aos interesses comerciais norte americanos. A companhia alega que este novo processo não é mais do que a junção de várias acusações civis que nunca foram provadas e garante que os EUA não vão prevalecer com estas acusações que considera injustas e infundadas.

A acusação mais recente contra a Huawei inclui informações que alegam que a Huawei tentou roubar segredos comerciais de seis empresas diferentes de tecnologia dos EUA e "fez declarações repetidas a funcionários dos EUA, incluindo agentes do FBI e representantes do Comité Permanente de Inteligência da Câmara dos EUA, sobre seus esforços para desviar segredos comerciais", refere o documento.

Ao todo a Huawei e a sua CFO enfrentam agora 16 acusações de conspiração e extorsão, referindo-se que a empresa chinesa tinha um programa de recompensas para os seus funcionários que obtinham informações confidenciais de seus concorrentes.

"Como parte do esquema, a Huawei alegadamente lançou uma política que institui um programa de bónus para recompensar funcionários que obtiveram informações confidenciais de concorrentes", indica o comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. "A política deixa claro que os funcionários que fornecerem informações valiosas deveriam ser recompensados ​​financeiramente".

O documento refere que a Huawei recrutava colaboradores de empresas concorrentes e usava também professores e investigadores em departamentos de investigação neste processo. Desta forma tiveram acesso a propriedade intelectual de seis empresas tecnológicas norte americanas, código fonte, manuais de routers de internet, tecnologia de antenas e de robótica.

As acusações abrangem ainda quatro subsidiárias oficiais da Huawei e outrs referidas como não oficiais, assim como a CFO da empresa. Estão nesta lista a Huawei Device Co. Ltd. (Huawei Device), Huawei Device USA Inc. (Huawei USA), Futurewei Technologies Inc. (Futurewei) e a Skycom Tech Co. Ltd. (Skycom). Alegadamente s práticas estendem-se a mais de uma década.

Huawei vs EUA: Crónica de uma guerra longa com impactos que ainda têm de ser medidos
Huawei vs EUA: Crónica de uma guerra longa com impactos que ainda têm de ser medidos
Ver artigo

A saga da guerra comercial entre a Huawei e os Estados Unidos já é longa e culminou com a inclusão da empresa na "entity list" em maio do ano passado, mas as suspeitas em relação à fabricante chinesa existam já desde 2011. Desde essa data têm vindo a ser feitos adiamentos a um bloqueio efetivo, cuja última moratória terminaria agora a 18 de fevereiro. Em questão, estavam "riscos inaceitáveis" para a segurança nacional, uma vez que os EUA alegavam, se bem que sem provas, que empresa chinesa poderia estar a instalar backdoors nos seus produtos para ter acesso a informação sensível.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 9h17