As taxas de participação dos Estados Unidos nas sociedades informáticas europeias quase duplicaram no espaço de um ano, segundo revela um estudo da Close Brothers, que deste modo indica que a "apropriação" da indústria europeia das TI pelos EUA nunca foi tão forte.



A guerra económica que se desenvolve nos Estados Unidos e na Europa é a primeira causa dessa alteração de fundo. "Considerando todas as hipóteses, os Estados Unidos são provavelmente o primeiro país a adquirir empresas europeias. Mas essa tendência é mais acentuada nas tecnologias, porque há um maior volume de capitais disponíveis no domínio além-Atlântico", observa Paul Lewington, responsável pelo sector tecnológico para o gabinete de estudos Close Brothers, citado pela publicação online francesa 01net.



Esta tendência parece ser igualmente uma consequência da consolidação quase estrutural da área informática, um aspecto que também toca as empresas americanas, mas que fragiliza sobretudo a Europa, com muito poucos fornecedores informáticos, aponta igualmente o artigo. A este desequilíbrio soma-se ainda a propensão americana para o proteccionismo das marcas nacionais.



Os inquiridos pela publicação francesa - responsáveis de empresas ligadas à área das tecnologias - consideram que a influência dos Estados Unidos na indústria informática europeia poderá ter consequências negativas enormes, apontando por exemplo a tendência que existe além-Atlântico em deslocalizar as unidades de investigação e desenvolvimento, para o continente asiático.



O artigo deixa ainda um alerta acerca da dependência europeia se sentir também em matéria de gestão de informação, indicando que a grande maioria dos motores de busca são americanos, chegando alguns deles a contar com investimento da própria CIA.



Aponta-se igualmente o perigo desta dependência poder causar o aumento dos preços dos dispositivos em caso de tensão comercial entre o continente americano e um país da Europa, além de se enumerar o cada vez mais abrangente âmbito da informática, que tem vindo a ser aplicada a produtos diferenciados em outras áreas que não as tradicionalmente associadas, como a aeronáutica e o sector automóvel.



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