A BMW iniciou a conversão da sua maior e mais importante fábrica para a produção em exclusivo de veículos elétricos, uma meta que deverá ser alcançada até 2027. Para fazer a transição, a fabricante alemã já começou a investir 650 milhões de euros em novas linhas de montagem e numa oficina de carroçaria.
A eletrificação da fábrica de Munique começou em 2015 (daqui já saí, por exemplo, o i4) e tem seguido em paralelo com a produção de veículos com motor a combustão, que se prolonga até 2026, altura em que dará lugar à iFactory dedicada 100% aos elétricos.
“Munique é o coração pulsante da BMW”, refere o diretor da fábrica de Munique, Peter Weber, em declarações à EuroNews. “Estamos muito satisfeitos por guiar a fábrica de Munique para um futuro totalmente elétrico, que começa com a berlina Neue Klasse.”
Neue Klasse (nova classe) foi a designação escolhida pela BMW para uma nova geração de carros que vão materializar a reinvenção da marca para a era da eletrificação. A designação já tinha sido usada pela fabricante noutro momento de grandes mudanças, para designar um modelo lançado na década de 60 do século passado, depois de um período de transição.
Agora a designação volta a dar o mote para outra grande transformação, que passa pelo lançamento de seis modelos em dois anos. O primeiro é um SUV que vai ser fabricado na Hungria, onde também será fabricada uma nova arquitetura de baterias de carregamento rápido. A marca pretende ainda fabricar veículos Neue Klasse na China e no México.
Aumentar a digitalização de processos na fábrica de Munique e o recurso a tecnologias de inteligência artificial fazem também parte das prioridades da BMW para a unidade onde trabalham 7.800 pessoas, neste processo de transformação.
Na conversa com a EuroNews, o diretor da fábrica de Munique garantiu que a tecnologia serve mais para complementar o trabalho humano do que para substituí-lo, lembrando que os funcionários chegam a trabalhar em 500 carros em cada turno. Desempenhar cada tarefa com precisão é essencial e a tecnologia pode dar uma ajuda nisso, ao nível da formação, por exemplo. “Os aprendizes começam agora a soldar com recurso a realidade aumentada, aprendendo a técnica da máquina e a velocidade do processo antes de tocarem em qualquer metal”, explicou Peter Weber.
Milan Nedeljković, administrador do grupo, garantiu, no entanto, que a histórica fábrica de Munique da BMW vai manter a flexibilidade para que no futuro possa vir a trabalhar com outras soluções energéticas, admitindo que “o hidrogénio mantém-se uma alternativa importante”.
O mesmo responsável diz que a marca tem “uma frota de carros a hidrogénio em testes e está a trabalhar intensamente para melhorar ainda mais a tecnologia”, uma das razões que justificam a preocupação com a flexibilidade da estrutura de produção das principais fábricas. “Não investiremos em tecnologia de combustão interna se não houver novos motores de combustão, mas é crucial que nos mantenhamos flexíveis na linha de produção para o que quer que venha a acontecer”, acrescentou.
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